ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 16.06.1997.

 


Aos dezesseis dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Pedro Américo Leal e Pedro Ruas. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Quadragésima Nona Sessão Ordinária e da Décima Segunda e Décima Terceira Sessões Solenes, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Garcia, o Pedido de Informações nº 104/97 (Processo nº 1900/97) e as Indicações nºs 67, 68, 69 e 70/97 (Processos nºs 1921, 1922, 1923 e 1924/97, respectivamente); pelo Vereador Cláudio Sebenelo, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Fernando Záchia, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Gilberto Batista, 09 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências; pela Vereadora Tereza Franco, 03 Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 264, 265 e 266/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 466 e 467/97, do Senhor Vicente Joaquim Bogo, Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; 1194 e 1259/97, do Gabinete da Casa Civil da Presidência da República; s/nº, do Senhor Luís Felipe Carchedi, Diretor da Plus Administradora de Shopping Centers; s/nº, do Senhor Magnus Aurélio Isse, Presidente da Associação dos Táxis-Lotação de Porto Alegre - ATL; Cartões: do Senhor José Fernando Cirne Lima Eichenberg, Secretário de Estado da Justiça e da Segurança/RS; do Senhor Nelson Boeira, Secretário da Cultura/RS; da Senhora Laís Salengue, Diretora-Superintendente da Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional - METROPLAN; do Senhor Djalma Manuel Bittencourt Gautério, Secretário de Estado Substituto da Justiça e da Segurança; Convites: do Doutor Airton Delduque Frankini, Chefe do Serviço Científico do Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisa do Grupo Hospitalar Conceição, para a abertura da Jornada de Ética e Pesquisa do GHC, realizada de cinco a seis de junho do corrente; da Vereadora Maria de Lourdes  Conzatti, Presidenta da Câmara Municipal de Eldorado do Sul/RS, para a Sessão Solene comemorativa <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>ao Nono Aniversário de emancipação do Município, em seis de junho do corrente; do Senhor Ari Bueno de Almeida, Procurador-Regional da União na 4ª Região, para a solenidade de inauguração das novas instalações daquela instituição; da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul - FEDERASUL, para a reunião-almoço com o Senador Roberto Requião, realizada em seis de junho do corrente; do Senhor Fernando Gonçalves, Ministro do Tribunal de Contas da União, para a solenidade de posse da Senhora Maria Izolina Schaurich Alster no cargo de Secretária de Controle Externo no Estado/RS, realizada em seis de junho do corrente; da Federação Israelita do Rio Grande do Sul e da Sinagoga União Israelita de Porto Alegre, para a cerimônia religiosa em homenagem a Jerusalém 3.000 anos, Centro Espiritual da Humanidade, realizada em seis de junho do corrente. A seguir, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Luiz Braz, solicitando Licença para Tratamento de Saúde para a Vereadora Sônia Santos, nos dias dezesseis e dezessete de junho do corrente, e o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Jocelin Azambuja, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Às quatorze horas e doze minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quatorze minutos, constatada a existência de "quorum". A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença da Seleção Brasileira de Ginástica Juvenil, que participou da Copa dos Quatro Continentes de Ginástica Rítmica Desportiva, realizada em Sidney, Austrália, convidando as Técnicas da equipe, Senhoras Michelle Guiramand e Iara Zamberlan, a integrarem a Mesa dos trabalhos. Após, em TRIBUNA POPULAR, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Cézar Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA, que discorreu sobre a mobilização dos municipários face ao transcurso da data-base da categoria, criticando a política salarial hoje exercida pelo Executivo Municipal. Durante o discurso do Senhor Cézar Pureza, a Vereadora Maria do Rosário informou que estava se retirando do Plenário por considerar inadequadas as manifestações do Orador da tribuna. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, reportando-se ao tema da Tribuna Popular, criticou o Executivo Municipal pelo não cumprimento da lei referente à divulgação especificada dos valores de gastos com pessoal, ressaltando a defasagem observada nos salários dos funcionários públicos municipais. O Vereador Gerson Almeida discorreu sobre os salários recebidos pelos funcionários do Município, ressaltando que, apesar das dificuldades na arrecadação, as condições de trabalho dos municipários melhoraram sensivelmente nos últimos anos. Ainda, discorreu sobre o "Kit AIDS", distribuído pela Secretaria Municipal da Saúde, como parte de uma campanha visando a conscientizar a população de Porto Alegre sobre as formas de contágio e prevenção da AIDS. Na ocasião, os trabalhos estiveram suspensos por dois minutos, nos termos regimentais. Também, o Senhor Presidente registrou a presença do Senador Pedro Simon, que comparece à Casa a convite da Comissão Externa constituída para acompanhar a mobilização contra a privatização do Banco Meridional do Brasil, convidando <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Sua Excelência a integrar a Mesa dos trabalhos. A seguir, nos termos da alínea "f" do § 1º  do artigo 94 do Regimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Carlos Garcia, que, em nome da Casa, parabenizou a Seleção Brasileira Juvenil de Ginástica pela conquista da medalha de bronze na Copa dos Quatro Continentes de Ginástica Rítmica Desportiva, realizada de três a seis de junho do corrente, na Austrália. Na ocasião, os trabalhos estiveram suspensos das quatorze horas e cinqüenta e quatro minutos às quatorze horas e cinqüenta e oito minutos, nos termos regimentais. Em continuidade, o Senhor Presidente, nos termos da alínea "f"  do § 1º  do artigo 94 do Regimento, concedeu a palavra ao Vereador Guilherme Barbosa que, na condição de Presidente da Comissão Externa constituída para acompanhar a mobilização contra a privatização do Banco Meridional do Brasil, e em nome da Casa, discorreu sobre o processo de privatização do referido Banco, ora em curso, manifestando seu posicionamento contrário ao mesmo. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senador Pedro Simon, que teceu comentários a respeito de projeto de lei atualmente em tramitação no Senado  Federal, que transforma o Banco Meridional em Banco do MERCOSUL, com o objetivo de viabilizar a implantação efetiva da parceria econômica dos países componentes do Mercado Comum do Cone Sul. Às quinze horas e trinta e seis minutos, o Senhor Presidente agradeceu a presença do Senador Pedro Simon e declarou suspensos os trabalhos,  nos termos regimentais, sendo os mesmos retomados às quinze horas e quarenta e quatro minutos, constatada a existência de "quorum". Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Jocelin Azambuja denunciou a cobrança irregular, por parte de empresas de planos de saúde privados, de contribuições junto aos profissionais rodoviários de Porto Alegre. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 4ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 25/97, discutido pelos Vereadores Jocelin Azambuja, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e José Valdir. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/93; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 109 e 110/97, estes discutidos pelo Vereador Reginaldo Pujol,  e 113/97; o Projeto de Lei do Executivo nº 26/97; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 94/96, 101 e 114/97, este discutido pelos Vereadores João Dib, Jocelin Azambuja, Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo e José Valdir; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 41/92, 107 e 108/97, discutidos pelo Vereador Reginaldo Pujol. Na ocasião, o Vereador Paulo Brum, na presidência dos trabalhos, informou que os Vereadores Clovis Ilgenfritz e Isaac Ainhorn tiveram que se ausentar da presente Sessão para, como representantes deste Legislativo, participarem da abertura do Seminário Internacional de Rádio e Jornalismo, no Centro de Convenções  da  Pontifícia Universi<D>dade Católica. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 08/97 (Processo nº 1936/97 - autoriza o Prefeito Municipal a afastar-se do País nos dias dezoito e dezenove de junho do corrente ano), após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, João Dib e Anamaria Negroni. Em Discussão Geral, <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>1ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/97, discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol e João Motta. No momento da discussão deste Projeto, os Vereadores Luiz Braz e Cláudio Sebenelo cederam seus tempos, respectivamente, para os Vereadores Reginaldo Pujol e João Motta. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 04/97, que teve adiada sua discussão por uma Sessão, a Requerimento, aprovado, do Vereador Reginaldo Pujol, encaminhado à votação pelo Autor. A seguir, foi apregoado o Requerimento nº 146/97 (Processo nº 1929/97 - Moção de Solidariedade ao Ministério dos Transportes, pela proposta de implantação de linha do TRENSURB, interligando Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha e Gravataí), de autoria do Vereador Jocelin Azambuja, o qual foi encaminhado à votação pelo Vereador Elói Guimarães. Na oportunidade, o Vereador Adeli Sell solicitou verificação de "quorum" e, sendo constatada a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, às dezoito horas e quatorze minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Requerimento da Vera. Sônia Santos pedindo licença para tratamento de saúde nos dias 16 e 17 do corrente, de acordo com atestado em anexo.

 

(Obs.: Foi apregoado  Requerimento de licença  da Vera. Sônia Santos e dada posse ao Suplente conforme consta da Ata.)

 

Está previsto para o dia de hoje o comparecimento do Senador Pedro Simon que falará sobre a privatização do Banco Meridional. Fomos informados pelo Presidente da Comissão Externa que examina o assunto que o Senador deverá chegar em torno das 14:30 e 15:00 horas. Razão pela qual iniciamos, de imediato, a Tribuna Popular. Convidamos o SIMPA, na figura do seu Presidente, Sr. Cézar Pureza, para nos dar o prazer de compor a Mesa dos trabalhos e simultaneamente usar a tribuna na condição de representante da categoria  para falar sobre a data base da  categoria.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h12min.)

 

O SR PRESIDENTE (às 14h14min): Estão reabertos os trabalhos. Nós informamos que o Ver. Clovis Ilgenfritz, Presidente da Casa, havia acertado com o Ver. Carlos Garcia, Líder do Partido Socialista Brasileiro e 3º Secretário da Casa, que visitariam a Casa hoje, para receber justas homenagens, as participantes da equipe gaúcha que estiveram presentes na Competição Internacional de Ginástica, realizada de 03 a 06 do corrente, em Sidney na Austrália. A Seleção Brasileira com o seu conjunto juvenil foi composta por 5 atletas, sendo 4 do Grêmio Náutico União, 1 da Associação Atlética CETE e mais as técnicas, sendo uma do GNU e outra da AACETE. As atletas, no conjunto gaúcho, obtiveram o 3º lugar ganhando medalha de bronze.

Eu solicitaria ao nosso Secretário e Líder do PSB, Ver. Carlos Garcia, que introduzisse no Plenário para ocupar assento junto à Mesa dos trabalhos as duas técnicas da nossa equipe, Profa. Michelle Guiramand da AACETE e a Profa. Iara Zamberlan do Grêmio Náutico União.

Antes que possamos fazer a nossa homenagem às atletas que nos representaram nessa importante competição, eu asseguro, regimentalmente, a palavra ao Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA -, Sr. Cézar Pureza, para que nos, 10 minutos regimentais, ele possa discorrer sobre o assunto objeto da inscrição, isto é, a data-base da categoria. Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O SR. CÉSAR PUREZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, colegas municipários, companheiros rodoviários e jovens vencedores, boa tarde!

Na nossa intervenção vamos acrescentar três componentes, por tudo o que já foi dito aqui nesta Tribuna Popular, por tudo o que já  foi dito referente à nossa data-base.

O primeiro componente é por conta de mais uma contradição da Administração Popular. Nós, que não temos o devido respeito também com relação à questão da saúde, surpreendentemente, durante a semana, recebemos de presente um "kit". Abro um parêntese: campanha de prevenção contra a AIDS tem que ser feita, agora, o municipário não pode ser desrespeitado.  Encaramos como desrespeito o fato de constar nesse "kit" um  preservativo, em alguns uma vela, em outro um sabonete. Verba do Ministério da Saúde.

O Ver. Antonio Hohlfeldt tem outro entendimento para o rumo que deve ser dado  com àquela vela, a que, com o devido respeito aos senhores, não vou me reportar.

 

O SR. ADELI SELL (Questão de Ordem): Queria fazer uma Questão de Ordem à Mesa, para que o cidadão que está utilizando a tribuna neste momento dissesse o que o Ver. Antonio Hohlfeldt  falou e qual a posição do Vereador acerca do "kit" de combate a AIDS.

 

O SR. PRESIDENTE: De acordo com os fundamentos da Questão de Ordem levantada pelo ilustre Ver. Adeli Sell, de plano entendo que não está consubstanciada a figura regimental que propicia a concessão de Questão de Ordem.

Asseguro ao ocupante da Tribuna Popular o uso da tribuna ,sob a sua inteira responsabilidade, nos fundamentos e na sua exposição.

 

O SR. CÉSAR  PUREZA: Ver. Adeli Sell, com todo o respeito, o senhor, que gentilmente solicita um boné, informamos que vamos presentear todos os Vereadores com um boné do SIMPA, que faz alusão, também, à data- base da categoria. Pois eu respondo, Vereador. Eu faço das palavras do Ver. Antonio Hohlfeldt, as minhas. A meu juízo, aquela simplória vela tinha um destino, sim, que era, quem sabe, virar a região norte do municipário e injetar no seu  ânus. Isso é o mínimo que podemos entender.

Nós temos uma política salarial definida por lei e a Administração Popular não cumpre a legislação. Esse é o segundo componente, que eu não consegui concluir.

O terceiro componente da minha intervenção decorre por conta do ato, extremamente elogiável, corajoso... A verdade dói, municipários. Quando a verdade dói, eles se retiram, não querem nos ouvir.

 

O SR. PRESIDENTE: Vera. Maria do Rosário, V.Exa. quer uma Questão de Ordem?

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de saber se o que cabe para os Vereadores, que é a manutenção do decoro, também cabe para os nossos convidados, quando no uso da Tribuna Popular, porque nunca, acho,  esta Casa foi tão insultada. Quero dizer que tenho total solidariedade com os municipários que não merecem a representação que ora é feita. Portanto, faço esta Questão de Ordem manifestando que vou-me retirar neste momento, porque tenho respeito... (Apitaço.).. porque tenho profundo respeito pela categoria municipária. Com a sua licença, Sr. Presidente.

 

O SR. CÉSAR PUREZA: Vereadora, não merece a representação...

 

(Apitaço.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu quero solicitar a todos que estão presentes, independente da condição de Vereadores ou convidados, ocupantes ou não da tribuna, que se cinjam a algumas normas elementares do convívio parlamentar, alertando, desde logo, que o nosso Regimento obsta o aplauso e a vaia aos pronunciamentos que ocorrerem na tribuna. Peço, por conseguinte, que o ilustre Presidente do SIMPA  prossiga a sua exposição e solicito aos nossos convidados que, enquanto isso ocorrer,  mantenham-se atentos ao seu pronunciamento sem manifestação, nem num sentido nem  noutro, porque isso é vedado pelo Regimento da Casa. Se as manifestações persistirem serei obrigado a interromper o andamento dos trabalhos porque não  permitirei que o Regimento seja quebrado por qualquer motivo nesta tarde.

O Sr. César Pureza está com a palavra para que prossiga a sua exposição.

 

O SR. CÉSAR PUREZA: Lamentamos a ausência da Vereadora, que não gosta de ouvir a verdade, não expressa a representatividade dos municipários, porque não estamos acostumados a barganhar os interesses da categoria, estamos acostumados, sim, a cobrar as promessas, inclusive até mesmo da Vereadora, que faz parte da Comissão de Direitos Humanos e sequer teve a coragem de, até este momento, responder ao Sindicato que rumo a Comissão de Direitos Humanos deu para o caso do Carlinhos, que rumo a Vereadora deu para os casos da Biometria, em que os municipários são tratados arbitrariamente, por isso ela foge do plenário, por isso foge do diálogo. O segundo componente ocorre pela atitude corajosa, inicialmente de dois municipários que,  por iniciativa própria, aderiram à greve de fome, completando neste instante 78 horas e, a partir da zero hora desta Segunda-feira com o acréscimo de um terceiro municipário, já acumulam 8 horas, tendo um municipário 63 anos, o Sr.  Francílio Meireles de Castro, vulgo França.

 Esse descaso, essas incoerências da Administração Popular faz com que os municipários paulatinamente venham se somando ao movimento, venha se engrossando o movimento. Hoje, a presença dos senhores nos permite afirmar que o municipário unido saberá sensibilizar a Administração para que pelo menos parte das nossas perdas sejam repostas, uma vez que apontamos  trabalho correto, responsável, sem que com isso venha a comprometer o orçamento da Administração, sem que com isso venha a trazer prejuízos à comunidade.

Quero registrar que hoje, pela manhã, nos gratificamos com a presença do Ver. Elói Guimarães, e sabemos que os demais se farão presentes ao acampamento no Paço Municipal para que constatem a atitude corajosa dos três municipários. Por último, nós queremos comemorar o quarto aniversário do descumprimento da Legislação 7345 e também o terceiro aniversário do descumprimento da Legislação 7428. Com todo o respeito, Sr. Presidente, eu convido toda a categoria a cantar o Parabéns e, ao final, entregar aos Srs. Vereadores uma fatia de um bolo que a categoria oferece, principalmente à Administração Popular.

 

(Os municipários, juntamente com o Sr. Cézar Pureza, entoam o "Parabéns a Você".)

 

Desculpem a troca, na letra da música, mas faz parte do desuso de uma atitude dessas, que copiamos da representante do PSTU, Deputada Luciana Genro, que inteligentemente tomou a iniciativa.

 

O SR. ADELI SELL (Questão de ordem): É só para constar uma correção na intervenção do orador: a Deputada Luciana Genro pertence aos quadros do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. CÉZAR PUREZA: A entidade  aceita a Questão de Ordem e pede desculpas e, logicamente, reconhece que a Deputada Luciana Genro é representante do Partido dos Trabalhadores. Lamentavelmente, quem sabe, que está incorrendo numa grande incoerência, também, como os demais descumprindo a legislação salarial, e isso não nos causa mais estranheza.

Sr. Presidente, em nome dos municipários, agradecemos este espaço construído com toda inteligência nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Evidentemente, o Presidente do SIMPA não é homem de Tribuna, não é um homem acostumado a enfrentar o microfone e com a tranqüilidade que deve fazer as suas colocações se sair bem, principalmente, quando Questões de Ordem, que, na realidade, não eram  Questões de Ordem, o colocam em uma situação difícil. Na realidade, o que precisa ser encarado é a situação que vivem os municipários porto-alegrenses. É indiscutível que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre não vem cumprindo a legislação aprovada nesta Casa e nem a Lei Camata, porque a Prefeitura, por todos os meios, esconde os valores  que definem a expressão "gasto de pessoal sobre receitas correntes", a Prefeitura tem escondido. E até em Pedido de Informações que formulamos, a  Prefeitura diz que, “em havendo uma decisão judicial, não havia necessidade de fazer a comprovação de gastos de pessoal em relação à receita corrente.” Não é verdade. Já caiu a decisão judicial e a Prefeitura continua não informando como deve. Ora, é uma Prefeitura que tem muito dinheiro, jacta-se, vangloria-se de superávit. Se houve superávit é porque, ou o dinheiro foi mal aplicado, ou cobraram a mais do povo de Porto Alegre. De qualquer maneira, é muito ruim para o povo de Porto Alegre.

A Prefeitura de Porto Alegre que se diz do Partido dos Trabalhadores nega aos trabalhadores da Prefeitura toda e qualquer coisa. Os municipários estão fazendo greve de fome, e até não precisariam fazer muita força, porque quase estão passando fome, e apenas uns mais ousados foram lá fazer greve de fome. Amanhã, a Comissão que trata do dissídio coletivo, que acompanha os acontecimentos, vai lá na Praça Montevidéu fazer um apelo a esses servidores que estão fazendo greve de fome para que suspendam essa greve. Porque a insensibilidade do Governo está comprovada, e é tão grande a insensibilidade do Partido dos Trabalhadores desta Prefeitura que, no ano passado, propus que o 13º salário fosse pago, em partes, no mínimo 30%, em julho, sobrou dinheiro, mas eles são mais banqueiros do que bancários. O Dr. Raul Pont foi bancário, O Dr. José Fortunati é bancário. Este ano, o Governador de Brasília, Cristóvão Buarque vai pagar, em julho, 70% do 13º salário, para aliviar a tensão entre os servidores. Aqui não.  Aqui, vai permanecer no banco, a juros de 1%, 2%  ao  mês, para que aumente o bolo. E os municipários vão pagar 9%, ou 12% no cheque forte, quando conseguem ter cheque forte, quando o cheque já não foi cortado pelo banco.

Parece que esta administração não tem preocupação em dizer a realidade. O Vice-Prefeito, José Fortunati disse na televisão, esses dias, que eu havia dito que me convenci com as declarações do Secretário da Fazenda e do Secretário de Administração. Não era verdade, era mentira, porque eu apenas pedi mais informações, pois eles não trouxeram o suficiente e continuam escondendo. O certo, é que sobra dinheiro na Prefeitura, e o certo é que no Poder Público, na Administração Pública, não deve sobrar dinheiro, ele deve ser muito bem aplicado. Mas quando se operam todas as coisas com o espírito de banqueiro, tem que sobrar dinheiro mesmo, porque o dinheiro que os servidores reivindicam, as reposições, são verdadeiras. Só no mês de maio de 1995, o Prefeito de Porto Alegre tirou dos municipários 7,8% dos seus salários, porque se jacta de ter a bimestralidade, mas não a cumpre. No dia 30/04/95, estava completa a bimestralidade, eram 11%. Mas, pela força do banqueiro, ele não deu nada e depois, deu 3,2%, portanto, 7,8% foram retirados de dentro do bolso do municipário. Essa insensibilidade tem que terminar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e trabalhadores que acompanham a Sessão. Quero primeiro dizer o seguinte: que, independente de pessoas da qualidade maior ou menor, nós devemos respeitar as entidades e a qualidade das pessoas que representam determinadas categorias em determinados momentos, é uma questão de foro íntimo dos próprios trabalhadores. Então, quanto a isso, não vou manifestar a minha opinião, até porque minha formação política toda foi feita dentro do movimento sindical. Sou fundador da CUT,  dirigi, por duas gestões, o Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações e fundei a Federação Nacional da categoria.

A questão das relações de trabalho tem fórum - trabalhadores e seus patrões -, que, no caso do poder público, é uma situação muito difusa, porque, a rigor, o poder público não pode ser caracterizado como um patrão igual aos demais. No entanto, ele é um interlocutor, um contratante. Por isso, tem de haver reivindicações sobre ele e disputas com ele. Creio que o sindicalismo parlamentar não é um bom caminho; no entanto, estão aí todas as alternativas para serem disputadas.

A questão salarial no serviço público é uma das questões graves na política nacional, tanto é que o esforço dos estados e dos municípios para arrecadar recursos é fantasticamente grande e nem sempre bem resolvido. Vejamos os trabalhadores federais, que, há quase 3 anos, não recebem um único real de aumento. Os trabalhadores do Estado não têm sequer política salarial. A minha categoria - a dos telefônicos - recebeu o último real de aumento em dezembro, e o aumento foi de 7% relativo aos 12 meses do ano. Vamos receber o próximo real de aumento em dezembro.

Em Porto Alegre é diferente. Os salários são baixos em Porto Alegre. Há uma disparidade salarial. No entanto, que o Governo Municipal não tenha respeito para com os trabalhadores  parece-me ser uma "forçação de barra" e uma irrealidade, porque as condições de trabalho na Prefeitura não são boas em grande parte dos órgãos, mas vêm melhorando sensivelmente. Quando eu era Secretário da SMAM, o poder público construiu duas capatazias em quatro, e tínhamos, no Orçamento, uma terceira. Isso é igual no DMLU,  isso é igual no DMAE, isso é igual em todos os órgãos. Muito ainda há que ser feito, mas a verdade é que as condições de trabalho dos municipários, hoje, são muito melhores do que foram outrora, e queremos que sejam melhores ainda. Os trabalhadores municipários têm uma política salarial. Ela é ruim. ela reajusta aquém do que gostaríamos? Concordo; nós gostaríamos de pagar melhores salários. No entanto, exceto se nós quisermos fazer uma disputa política e não sindical com o governo, nós devemos reconhecer que há uma política salarial, num país que sequer política salarial tem, onde os trabalhadores do setor público, na maior parte dos casos, não recebem salários há dois, três meses. Em Viamão, em Alvorada, Prefeituras onde o Partido dos Trabalhadores ganhou,  recebemos com quatro meses de salários atrasados. E felizmente hoje - certamente também com a ajuda de Deus - devido ao trabalho responsável, sério dos municipários e da Prefeitura  os salários estão em dia.

Vamos lidar com seriedade, especialmente quando tratamos das políticas em relação à AIDS, que é uma doença que está muito afeita a brincadeiras, a sacanagens e piadinhas de mau gosto, como ouvi desta tribuna. No entanto é uma doença séria.

 

(Tumulto nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa assegura o tempo do orador que está na tribuna e dá um último aviso, já que o Ver. Reginaldo Pujol, quando estava na presidência dos trabalhos, já havia advertido de que existe um Regimento, um regulamento e vamos fazer cumprir o regulamento. Na primeira manifestação, vamos fazer evacuar as galerias, ou vamos suspender indefinidamente a sessão, para o cumprimento do Regimento, que deve ser igual para todos, e é isso que sempre fazemos. Pedimos especial atenção dos servidores públicos para que possamos dar uma continuidade civilizada, democrática a esse ato. A Tribuna Popular, hoje, está sendo arranhada, porque o regulamento não permite manifestações como as que foram feitas aqui, inclusive da tribuna. Mas silenciamos para não criar nenhum problema. Entretanto, se continuar assim, seremos obrigados a suspender a Sessão e evacuar as galerias.

Devolvemos a palavra ao orador e damos continuidade à Sessão, sempre com  respeito a todos os setores aqui representados.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Não tenho nenhum problema para falar nesse assunto, porque tenho muito orgulho do que a Prefeitura Municipal tem feito. Aqui está o "kit", o famoso "kit" que serve para brincadeiras jocosas, mas as milhares de mortes que acontecem no Brasil e no mundo pela AIDS não devem ser objeto de brincadeiras jocosas. Essa verba pública gasta para fazer esse "kit" foi muito bem gasta, assim como a cartilha, que há dois anos foi objeto de brincadeiras, serviu para enfrentar uma discussão que é tabu, inclusive entre pais e filhos , que é a questão do sexo. E, se não tratarmos com clareza, certamente não estaremos ajudando a construir a vida e sim a morte.

Portanto, senhoras e senhores, tenho certeza de que a categoria municipária é muito maior que algum ou outro dirigente eventual. E é com ela que nós queremos continuar tratando, séria e respeitosamente, as questões das condições de trabalho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:. Não há mais oradores inscritos. Vamos suspender os trabalhos para a despedida da entidade, do Presidente do SIMPA

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h40min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h42min): Queremos, com muita honra, satisfação e orgulho anunciar a presença, no nosso meio, do Senador Pedro Simon, o qual convidamos para participar, desde já, da Mesa. A presença do ilustre Senador é em função de um convite da Comissão Especial que trabalha sobre a questão da privatização do Meridional, sendo Presidente o Ver. Guilherme Barbosa, Vice-Presidente o Ver. Pedro Américo Leal e  Relatora a Vera. Clênia Maranhão, coordenando   esse trabalho de onze Vereadores. Nós vamos pedir ao Senador Pedro Simon, a especial gentileza de dar-nos a oportunidade de concluir um ato, fora da nossa programação, mas que é muito importante, proposto pelo Ver. Carlos Garcia, que trouxe, aqui, uma equipe de jovens e de preparadores. Ele vai, em nosso nome, fazer a saudação às atletas da Seleção Brasileira de Ginástica Juvenil, composta por cinco ginastas gaúchas, sendo quatro do Grêmio Náutico União e uma da AACETE. As duas preparadoras, técnicas, são do Grêmio Náutico União e da AACETE. Nós queremos pedir ao Ver. Carlos Garcia que use a palavra, em nome da Casa, para saudar as atletas que tiraram o terceiro lugar na Copa dos Quatro Continentes de Ginástica Rítmica Desportiva, em Sidney/Austrália.

 As Atletas Gabriela Werberich, Christina Hermann e Daisy Sampaio, do Grêmio Náutico União e Natália Dêntice da AACETE, e uma quinta atleta, que não está presente, Alice Sirangelo, do Grêmio Náutico União.É muito importante, para mim, poder participar desta homenagem, uma vez que o meu filho, até há pouco tempo, também era atleta do Grêmio Náutico União, na área de Remo.

Queremos, também, distinguir as técnicas Michelle Guiramand da AACETE, e Iara Zamberlan, do Grêmio Náutico União.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente , Srs. Vereadores, prezado Sen. Pedro Simon, municipários, pais presentes, consideramos importante trazer para esta Casa as técnicas e as ginastas que participaram dessa competição dos quatro continentes. É a segunda competição mais importante do mundo. Recentemente, tivemos o caso do Guga, e muito pouco se fala de expoentes em outro desporto que não  do futebol. Então, essas meninas que estão aqui, hoje, conseguiram para o nosso País o terceiro lugar em uma competição de nível mundial. Para vocês terem uma idéia, é a melhor colocação de uma seleção brasileira nessa modalidade, até hoje, nessa Copa dos Quatro Continentes. O desporto amador, como vocês sabem,  precisa de incentivo. Este ano, essas meninas conseguiram participar dessa competição, porque a Federação Gaúcha pagou as passagens, mas a despesa de quase mil dólares de cada uma foi mais pelo "paitrocínio"  e "voitrocínio" - quer dizer, quando digo "paitrocínio" subentendem-se pai e mãe. Durante todas as campanhas eleitorais, nós ouvimos que todas as pessoas ficam sensibilizadas e dão apoio ao desporto. Só que, na prática, notamos que não existem, infelizmente, ainda, políticas públicas para o desporto em nosso País. Vai ser criado, em Porto Alegre, o Fundo Municipal do Desporto e  talvez  parte da receita a ser arrecada possa  contemplar  atletas que forem viajar.

Queremos registrar também a presença da Sra. Vera Maria da Silva, Diretora de Departamento do Grêmio Náutico União; a Presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Amigos do Centro Estadual de Treinamento Esportivo, no Menino Deus, Sra. Simone Guirramand; os pais, Paulo Hermann, Márcia Dêntice, a avó Zélia Dêntice, Cristina Magamine e o nosso amigo Jodué de Souza que, além de ser jornalista, é uma pessoa que há dois anos conheceu  a AACETE , engajou-se naquele movimento e trabalha diuturnamente, vende rifa, refrigerante, porque essa é a realidade do nosso desporto.

Prezadas técnicas e atletas, em nome desta Casa gostaríamos de parabenizá-las porque precisamos , cada vez mais, desse tipo de consagração e esperamos que não parem por aí. Ao mesmo tempo esperamos que centenas de milhares de crianças pratiquem o desporto. Parabéns a todas vocês. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.) 

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência havia esquecido e, agora, se redime com a atleta Milena Naganine da AACETE. Ela foi a 3ª Ginasta Juvenil do Brasil na Seleção Brasileira Juvenil e obteve a 16ª colocação individual, e a atleta Alice Sirangelo obteve a 15ª colocação, como eu já havia referido. Para nós, é motivo de grande orgulho e satisfação que Porto Alegre, através de seu Legislativo e de todos os seus Vereadores, esteja homenageando as jovens atletas, as preparadoras, o jornalista, conforme já foi dito aqui pelo nosso Ilustre Vereador Desportista, Carlos Garcia. Quando eu vejo o Ver. Carlos Garcia se esforçando pelo esporte, eu tenho vontade de lhe dizer: "Garcia, este ano eu não estou tendo tempo de te ajudar porque estou na Presidência, mas sou um daqueles que pensa que esse tipo de questão tem que ser tratada como tu estás fazendo. No ano que vem, eu vou te ajudar nesse sentido, podes acreditar!"

Nós agradecemos imensamente a presença das professoras, preparadoras e das  atletas que, agora, estão sendo homenageadas pelo Líder Liberal da Casa e pelos demais Vereadores. Vamos suspender a Sessão para as despedidas. (14h54min)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h58min): Estão reabertos os trabalhos. Entendemos ser um assunto muito importante, que esta Casa já tratou em comissões que desenvolveram trabalhos especiais e no próprio plenário: a questão do Banco Meridional.

Hoje, o Ver. Guilherme Barbosa é duas vezes Presidente. Neste momento, ele vai falar, em nosso nome, como Presidente da Comissão Especial, mas eu peço licença ao Plenário para saudá-lo como Presidente, eleito ontem, do Diretório Municipal do PT de Porto Alegre. (Palmas.)

Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sen. Pedro Simon que pela segunda vez, em pouco mais de um mês,  gentilmente comparece a esta Casa para trazer a sua manifestação sobre o Banco Meridional do Brasil e  logo depois da presença de V. Exa. aqui nesta Casa, o Governo Federal decidiu encaminhar o Banco para a sua efetiva privatização. Quero, também, fazer referências às lideranças bancárias que aqui estão presentes, do Meridional, e aos servidores municipais.

Esta Casa tem, já há bastante tempo, se posicionado, em algum momento por unanimidade e, em outros momentos, como agora, pela quase unanimidade contra a privatização do Banco Meridional, um banco estatal pertencente ao Governo Federal, mas que já foi um banco privado oriundo de três outros e que, por má administração, faliu. Ouve grande manifestação em todos os setores da sociedade gaúcha e o Governo Federal salva o banco, investe recursos públicos, o banco se ergue, começa a fazer um trabalho bom, em alguns momentos muito bom, retorna ao Governo Federal o investimento feito, e agora quando o banco anda com suas pernas - durante muito tempo andou muito bem, no ano que passou teve problemas, sim, mas algumas medidas tomadas pelo seu Presidente atual, Dr. Miguel,  conseguiriam recuperar o banco a médio e curto prazo - o Governo Federal decide privatizar o banco.

Entendemos que o Banco Meridional pode cumprir um papel importante para o Estado do Rio Grande do sul e para os estados do sul do País. E agora, quando o Governo do Brasil faz todo o encaminhamento do fortalecimento do mercado do CONESUL e decide junto com os outros países ter um estabelecimento bancário para fazer essa relação financeira, o Banco Meridional poderia cumprir mais um outro papel. V.Exa., percebendo isso, apresentou um Projeto de Lei que está em tramitação no Senado Federal para transformar o Banco Meridional em Banco do MERCOSUL. Nas discussões rápidas que fizemos, na reestruturação dessa Comissão a partir da semana passada, nos pareceu, Sen. Pedro Simon, que uma forma de mobilização para que consigamos manter o banco público estatal é o apoio ao Projeto de V.Exa., e o convite para que V.Exa. comparecesse novamente a esta Casa foi exatamente para que nos dissesse das possibilidades do Projeto, da situação de tramitação no Senado Federal. Pergunto a V.Exa.  se será importante a nossa presença em Brasília, em contato com a liderança no Senado, porque estamos dispostos a percorrer todos os caminhos para manter o Banco Meridional como estatal. Temos mantido conversa com as lideranças bancárias, com a Assembléia Legislativa, buscando todas as possibilidades para que o Banco Meridional não seja privatizado.

Senador Pedro Simon, estamos apoiando o Projeto de V.Exa., e queremos saber a sua opinião aqui neste Plenário, de que forma nós podemos engrossar as manifestações e a pressão para que o Banco Meridional do Brasil não seja privatizado, para que permaneça estatal e possa cumprir um papel  importante para o Rio Grande do Sul e também agora para todo o Brasil, através da transformação em Banco do MERCOSUL. Muito obrigado.

               

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Senador Pedro Simon.

 

O SR. PEDRO SIMON: Sr. Presidente, prezado Presidente da Comissão encarregada da defesa do Banco Meridional, Srs. Vereadores, manifesto a minha satisfação em estar novamente aqui na Câmara de Vereadores e não nego que  ao chegar aqui, um pouco antes, assistindo a reunião, eu gostei, porque senti vida, emoção, debate, a presença da sociedade, com posições as mais divergentes. Eu creio que esse fato é positivo. É  claro que isso terá que ser preparado, viver em democracia não é fácil. Nós temos que aprender a viver em democracia, temos que nos respeitar. Às vezes esquecemos que o momento do regime militar, quando tínhamos que reagir, resistir, passou. Hoje estamos em uma democracia. O respeito é importante. Mas é bom que dentro desse respeito se tenha uma tribuna livre, abram-se debates, tenham-se divergências, e o povo possa vir, aqui, ocupar esta tribuna. Acho que essa presença dos Vereadores é o que há de mais importante numa  sociedade porque é o representante mais direto da sociedade. Entre nós lá do Senado, o Deputado, o Prefeito, o Governador, o Presidente e o povo,  há várias intermediações. O Vereador não, o Vereador é ele e entre ele e o povo ninguém. Se ele leva adiante essa  representação, se esse diálogo não termina na eleição e se não se resume a ele lá no bairro,  às vezes o bairro vem a ele e, feito com respeito recíproco é importante. Por isso, digo que gostei de assistir. É a segunda vez que assisto. Na minha época não existia isso, mas acho que é um avanço.

É com satisfação que volto a falar sobre a questão do Banco Meridional. Entre a última vez que debatemos aqui e hoje existem algumas modificações. Primeiro, não vamos esquecer: o Banco Meridional sempre foi considerado nos últimos anos o melhor banco estatal do Brasil. Dos bancos que estavam em poder do Governo, que é Banco do Rio Grande, Banco do Estado de São Paulo, Banco do Brasil, BRDE, Caixa Econômica, sempre o Banco Meridional vinha sendo considerado o mais bem solidificado banco estatal brasileiro. Falou-se na privatização, e o BNDE tratou da privatização, e foi de uma incompetência total, tanto que reconheceu que não tinha experiência, que não tinha tarimba para fazer privatização e quase leva o Banco Meridional à ruína. O ilustre Vereador-Presidente disse que o ano passado foi mal, mas o milagre é que não tenha explodido, porque, na verdade, naquela privatização, no afã de participar de qualquer jeito, abriram as comportas, e até hoje ninguém sabe o que aconteceu. Mas os livros e os números do Banco Meridional foram abertos aos interessados  em comprar o seu controle, entre os quais o Banco de Boston. Ninguém sabe de onde saiu, ninguém sabe donde surgiu, ninguém sabe quais foram as causas, mas as conseqüências foram graves. De repente, apareceu a  manchete de que o Banco de Boston não queria mais comprar o Banco Meridional, porque o Banco Meridional tinha muito crédito podre, tinha muito dinheiro podre, dinheiro concedido a pessoas que não estavam em condições de pagar em dinheiro, mal emprestado. Esta foi a manchete que deu nos jornais de todo o país. Feito o levantamento, feita a análise, se chegou a uma constatação: uma coisa é o cidadão de Boston, não sei se os Senhores entendem, lá nos Estados Unidos, a sociedade de Boston é a mais tradicional, a mais clássica, a mais rígida, quer do ponto de vista da religião, da política, da economia, são princípios tradicionais que vivem, a rigor, no século passado. Em Boston, dever 24 horas no Banco é uma vergonha, porque, lá, ninguém deve em hipótese alguma. Então, pegaram os critérios  do Banco de Boston, em Boston, compararam com os critérios, aqui, no Brasil, onde pagar à vista no dia do vencimento é uma coisa que cada vez mais ninguém leva a sério, ninguém paga. E ficou provado que foram dados irreais, não- verdadeiros, os chamados créditos podres, como apareceram no jornal, não existiam no Banco Meridional. E o Banco Meridional era um Banco que ia e vai muito bem, obrigado. Fruto disso, reconheceu-se que o BNDE era incompetente para tratar da privatização. E saiu o BNDE e entrou o Banco Central. Naquela oportunidade, a Comissão que saiu daqui, em reunião com a Bancada Federal, conseguiu chegar junto ao Ministro da Fazenda e conseguiu retirar, do momento da pauta das privatizações, o Banco Meridional, para uma próxima discussão. Eu venho defendendo essa tese e essa tese de tirar o Banco Meridional da pauta de privatizações vem de longe. Quando eu era Líder do Governo Itamar Franco e Ministro da Fazenda  o hoje Presidente Fernando Henrique Cardoso, conseguimos tirar em definitivo da Pauta a privatização do Meridional. E durante todo o restante do Governo, ela foi colocada à margem. Agora, surge novamente a notícia de que o Banco Central teria encontrado condições para a privatização. Em uma época que o Banco Central vai, diga-se de passagem, muito mal, obrigado, numa época em que a CPI dos Títulos Públicos está debatendo em Brasília, demonstra  que a começar  por nós, Senado, passando basicamente pelo Banco Central, o controle da fiscalização do sistema financeiro é muito ruim, é fraco. Na verdade, a gente chega quando o dinheiro já desapareceu ou quando o escândalo já é, como aconteceu  no Nacional, no Bamerindus, no Paraná, quando o Governo chega, o déficit na coisa pública  já é de cinco, seis bilhões de reais.

Acontece que ao mesmo tempo em que o Governo fala em recolocar na pauta de privatizações o  Banco Meridional em uma  reunião entre os presidentes do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, toma-se uma  decisão da maior importância, do maior significado e, realmente, do maior mérito. Decidiram, os países, criar o Banco de  Desenvolvimento do MERCOSUL, assim  como  tem o Banco Mundial de Desenvolvimento e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, que são instituições  sérias, responsáveis e importantes, que recebem créditos estatais e privados para financiar projetos de desenvolvimento. Aqui no Rio Grande do Sul tem o Pró-Guaíba, programas de estradas. Terça-feira deverá ser aprovado no Plenário um programa da maior importância para  melhorar  a distribuição de  renda do pequeno produtor em defesa  do meio ambiente. Esses projetos são muitos no Brasil e são realmente importantes. Assim como tem o Banco Interamericano - é fácil de compreender tendo a presença dos Estados Unidos, o comando, praticamente, é dos Estados Unidos - os governos do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai decidiram criar o Banco de Desenvolvimento do MERCOSUL. Será o banco desses 4 países e que será ampliado na medida em que, a cada dia que passa, crescem as possibilidades de sua ampliação com a presença já, logo ali, do Chile, da Bolívia e de outros países basicamente da América do Sul. Ora, se o governo decide que vai criar o Banco do MERCOSUL, e é fácil de compreender que o Banco do MERCOSUL vai ter contrapartidas, o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, cada um terá que dar a sua parte para constituir o patrimônio do Banco. Por que privatizar um banco, se  na privatização de um banco, como aconteceu no BAMERINDUS, que o governo botou 5 bilhões de dólares para limpar o BAMERINDUS e depois o Banco de Hong Kong o  recebeu por uma quantia insignificante. Se no Banco MERIDIONAL não há dívida, não há absolutamente dívida nenhuma, por que o governo quer privatizar o Banco MERIDIONAL hoje para, daqui a 6 meses, 8 meses ter que desembolsar para criar o Banco MERCOSUL de Desenvolvimento? O projeto de lei em andamento no Senado prevê isso, que o Governo Federal possa utilizar o Banco Meridional e o Banco Meridional corresponda à 4ª parte da que o Brasil terá que botar para criar o Banco MERCOSUL de Desenvolvimento. É claro, eu não nego que se isso desse certo - embora não trate no meu projeto, nem possa tratar, é uma questão muito delicada e que vem depois - mas se isso desse certo e  se esse fosse o caminho, há uma chance importante de que em considerando que o MERIDIONAL  tenha o seu centro de ação e de atividade em Porto Alegre, Porto Alegre possa vir a ser a sede do Banco do MERCOSUl de Desenvolvimento.

 São muitas as lutas em torno dos diversos setores do MERCOSUL, a respeito de onde eles se situarão. Primeiro, é a Secretaria-Geral. Onde se situará a Secretaria-Geral? Por uma razão que é fácil de compreender, parece que é quase certo e definitivo que será em Montevidéu, que é o estado mais  neutro, que menos tem conflitos e que todos, mais ou menos, respeitam nessa questão. A segunda questão é referente ao Parlamento Latino-americano   do MERCOSUL. Aí a polêmica é grande. Buenos Aires quer em Buenos Aires, o Brasil quer no Brasil. Mas no Brasil há muita dificuldade. Primeiro é difícil que seja o Brasil, pela ciumeira da Argentina, etc. e tal. Segundo, em sendo o Brasil não é fácil que seja o Rio Grande do Sul pois São Paulo já tem até a sede para o Parlamento Latino-Americano, diga-se de passagem, muito bonita, no Memorial da América Latina; Brasília é Brasília, meu Deus, seria uma polêmica, será uma polêmica! Agora,  e a sede do banco?  A sede do Banco de Desenvolvimento é uma possibilidade! E olha, é uma possibilidade importante. Porque assim como delegações e delegações do Brasil vão mensalmente a Washington para tratar de debates, discussões e propostas de empréstimos no Banco Interamericano, se amanhã esse nosso banco crescer, desenvolver, avançar, progredir e for um grande banco, seria bom para nós que a sede fosse aqui em Porto Alegre.

Sr. Presidente, essa é a proposta. O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Tem como relator o Senador ex-Governador da Bahia, não o Antônio Carlos, o outro. Considerando o debate que tive na semana passada com o Sr. Antonio Carlos, em que ele cobrou de mim que eu deveria ter mais atividade em favor do Rio Grande,  eu fui ao seu colega Senador e disse: " o Antonio Carlos mandou eu falar contigo. Podes dar uma grande demonstração dando, logo, um parecer favorável a favor do Meridional ser transformado num banco". Eu tenho a expectativa de que consigamos um voto favorável na CCJ. Não é fácil, mas o caminho é esse. Primeiro, Comissão de Constituição e Justiça. Lá está e o relator é o Senador baiano. Estava há muito tempo na mão dele, mas eu não tinha preocupação, não se falava mais em privatização. Enquanto não se falasse mais  em privatização, eu não tinha preocupação em que o projeto andasse. No momento em que ele veio para a Pauta, acho que agora vou pedir para incluir na Pauta de votação, primeiro, da CCJ.

Se tiver que ir - não sei se irá - para a Comissão de Economia, lá é complicado. Temos, o Sen. Serra, de Presidente, e ali é uma situação mais polêmica e mais difícil. Vou tentar ver se consigo, nem que seja através de urgência ou coisa que o valha, levá-lo para o Plenário.

E aí, digo com toda a sinceridade: a presença da comissão que os senhores constituem, levando nesse sentido, que eu diria que é o sentido  do Banco do Mercosul, não ficando apenas numa tese que é só nossa, do Rio Grande, mas  uma tese que é nossa, do Brasil, tenho o pressentimento de que podemos trazer para essa causa representação de parlamentares de outros Estados.

Estou à  disposição para alguma pergunta. Era essa, creio, a razão  pela qual fui convidado: para demonstrar a situação em que se encontra, hoje, o Meridional.

É claro que a primeira pergunta que eles fazem, a primeira interrogação  é com relação a que o Banco do MERCOSUL Desenvolvimento, será um banco de desenvolvimento, enquanto que o Meridional também tem um banco comercial. E que fazer a adaptação, ela é complexa e exige trabalho.

Na semana passada, o Ministro da Fazenda esteve  respondendo um debate no Plenário do Senado, e eu lhe fiz essa pergunta. E ele me deu essa resposta, que iria ver com carinho, com respeito. Entreguei-lhe cópia do Projeto. Mas ele dizia que a dificuldade era  essa - eu sei que tem essa dificuldade. Não tivesse essa dificuldade, não teria problema nenhum e eu não estaria pedindo apoio  a V Exa.

Acho que é viável, é possível. Só gostaria de acrescentar um item que me parece importante ao que disse o ilustre Presidente. Não podemos nos referir ao Meridional apenas como conseqüência do Sulbrasileiro, temos que nos referir ao Meridional antes do Sulbrasileiro. O Rio Grande do Sul era o Estado Brasileiro que tinha os bancos mais sólidos, mais sérios do Brasil. Nunca tivemos no Rio Grande do Sul  um grande banqueiro. Engraçado isso, nunca tivemos no Rio Grande do Sul um  homem com espírito de banqueiro, de ganhar dinheiro, como tem na Bahia, em São Paulo, até no Paraná, mas tínhamos bancos extraordinariamente sólidos, dignos e sérios: era o Banco Agrícola Mercantil, o Banco Industrial e Comercial do Sul, e o Banco Nacional do Comércio. Três grandes bancos que iam muito bem, absolutamente sólidos. Não se expandiam, não explodiam em desenvolvimento, mas eram de uma solidez total. Esses três bancos nunca estiveram mal, nunca tiveram problemas. Por que não continuaram. Por houve um determinado momento em que a orientação do governo era de que os bancos tinham que se aglomerar, que bancos demais era um absurdo, tinham que ser grandes bancos solidificados. Maior o banco, menor o custo. E houve uma determinação, uma ordem, uma imposição no sentido da aglomeração, e o Banco Industrial, e o Banco da Província e o Banco Agrícola Mercantil foram obrigados e se unirem e a constituírem um único banco, que foi o Sulbrasileiro. Cá entre nós: foi uma maluquice total. Por que foi uma maluquice total? Porque se fosse para aglomerar que se pegasse cada um desses bancos e se unissem com outros bancos de outros estados e teríamos três grandes cadeias, mas reuniram três bancos do Rio Grande do Sul e fizeram um banco. Na minha terra, Caxias do Sul - e aqui está o Ver. João Dib - de repente tínhamos sete sedes do Banco Sulbrasileiro, as duas do Banco da Província, as duas do Banco Agrícola e mais as duas do Banco Industrial e Comercial. De repente, ali na  Rua da Praia o Banco Sulbrasileiro foi o banco que teve mais agências bancárias por metro quadrado. No mundo inteiro não teve um banco que num espaço "x" tivesse tantas agências como o Sulbrasileiro,  porque ele pegou todas as agências do Banco Agrícola, todas do Banco Industrial e Comercial do Sul e todas do Banco da Província. Não sei se vocês se lembram mas tinha uma sede mais bonita que a outra. A que ficou até agora, que é a mais tradicional, é a que era do Banco da Província, ali na esquina, e a outra do Banco Nacional do Comércio. Era claro que tinha que dar errado. De repente, o Município tinha cinco, seis vezes mais o número de funcionários do que precisava. Tinha duas, três vezes mais o número de agências do que precisava. E o valor dos imóveis, inclusive, baixou. Em Caxias, fica com dois prédios e sobram quatro. Para vender esses quatro não tinha valor de mercado, porque estava oferecendo quatro e ninguém estava querendo comprar, pois a orientação era diminuir os bancos.

Não estou querendo discutir as razões de gente que botou a mão, mas na verdade o início foi equivocado. Pelo menos se tivesse feito três - o Banco Agrícola Mercantil se unisse com o Bamerindus e uma série nacional, o Banco da Província se unisse ao Banco de Minas Gerais - nós teríamos, pelo menos, três grandes cadeias de banco. Fracassaram. Se fez a luta, o Rio Grande se uniu, pagou um preço caro. A rolagem da dívida de São Paulo vai ser 53 bilhões de dólares, uma das maiores rolagens do mundo - nem nos países de primeiro mundo aconteceu isso. E, no entanto, ninguém está sabendo de nada. Agora, quando fizeram a garantia de criar o Meridional, eu estava lá em Brasília, e o que ouvimos de desaforo. Parecia que era o maior escândalo do mundo, o maior absurdo era botarem dinheiro para criar o nosso Meridional. Por isso, é que eu digo, a origem de tudo foi um erro do Governo Federal. Os bancos de bem criaram o Sulbrasileiro. Ele estourou. Reparem, mas é importante analisar isso . Quando, de repente, concentraram os bancos em alguns e esses alguns,  estouraram e o governo deliberou. Abre banco à  vontade. Pode abrir como quiser. Não tem mais uma agência bancária comprar um banco, porque ele tem direito a dezessete agências. Não.  Quer abrir uma agência bancária, abre e só comunica por ofício ao Banco Central. Deu no que deu. Banespa quebrando. Banco do Estado do Rio de Janeiro vai ser privatizado agora. Minas Gerais, por conta própria privatizando os bancos delas. E sistema aconteceu no que aconteceu. Aqui no Rio Grande do Sul, o Banco do Estado vai muito bem, obrigado. O Banco Meridional vai muito bem, obrigado. O Banco Meridional  já é o banco do Rio Grande do Sul, já é o de Santa Catarina, já é o banco do Paraná, já é o banco do Mato Grosso e já é um banco que está em São Paulo. O que interessa, para nós, o Banco de Boston comprar o Meridional. O que a nossa economia leva com isso? Qual a razão de ser, de repente, sem mais nem menos, vão lá e o Banco de Boston  compra o Meridional.

Eu acho que a saída é singela e o Rio Grande do Sul tem direito a isso. Vamos transformar o Banco Meridional na quota-parte que o Brasil tem que dar para criar o banco de desenvolvimento do MERCOSUL. Isso ele vai ter que dar. Pode até acontecer reciprocamente. Pode ser até que se o Uruguai, Argentina e o Paraguai quiserem  que cada um ofereça o seu banco  junto com o nosso. O nosso vai bem. O nosso é sólido. O nosso é  tranqüilo. O nosso tem peso. Era apenas isso, Sr. Presidente. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Mais uma vez a presidência faz questão de dizer o quanto é importante, para este Parlamento, receber visita como esta do Senador Pedro Simon, que, prontamente, atendeu o convite da Comissão e que nos deixou um depoimento que, seguramente Senador, vai fazer parte dos Anais e servir de instrumentalização para o trabalho da Comissão que esses Anais chegarão imediatamente às mãos do Presidente e da Relatora da Comissão.

Agradecemos imensamente a sua presença e tenha certeza, V.Exa., que não sossegaremos enquanto não conseguirmos reverter essa posição do Banco Central que, infelizmente, não olha com os mesmos olhos que nós gaúchos para o desenvolvimento de nossa região, em especial, do Rio Grande do Sul. Nós faremos todos os esforços e a Comissão vai estar coordenando esse trabalho para que, se preciso for, façamos uma nova viagem a Brasília, faremos uma nova visita às autoridades engrossando as fileiras daqueles, que eu tenho certeza, que já fazem isso que são os Deputados Federais, Senadores do Rio Grande do Sul e, também, o Governo do Estado e o Governo Municipal de Porto Alegre. Tenho certeza que as questões poderão ser encaminhadas nesta conjugação de esforços. Muito obrigado Senador e possivelmente, em breve, façamos um novo convite.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h36min.)

 

O SR. PRESIDENTE ( às 15h44min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente, só por uma referência, os Vereadores receberam o Projeto do Sen. Pedro Simon, àqueles  Vereadores da Comissão de Justiça não esqueçam que é um projeto autorizativo feito no Senado. E os Vereadores da Bancada governista que gostam , às vezes, de vetar projetos autorizativos, este é um projeto autorizativo, instrumento legal usado no Senado e que a nossa Comissão de Justiça teima em achar que não válido  projetos autorizativos. Acho que o Senador tem razão, é bom fazer projetos autorizativos.

A nossa manifestação é em relação à questão que envolve os rodoviários de Porto Alegre. A cobrança irregular que está sendo feita dos motoristas e cobradores de assistência médica privada. Eu falei, na sexta-feira, e estou encaminhando Pedido de Providências para saber do cumprimento do Decreto 11460 que autorizou um Decreto assinado pelo ex-Prefeito Tarso Genro autorizando, em 14 de março de 1996, com a aprovação desta Casa, os transportes coletivos a fazer propaganda e em contra partida deveriam dar aos funcionários assistência médica privada. E hoje, para surpresa nossa, vemos nos contra-cheques dos funcionários das companhias de transporte que eles estão descontando R$ 18,00, R$ 38,00, os motoristas já me mostraram. Na CARRIS, outro dia, um motorista disse-me que estava pagando  R$ 93,00, e assim vai. É por isso que, antecedendo aquele pedido de uma Comissão Especial para tratar do assunto, nós, primeiro, vamos  fazer o Pedido de Informações ao Executivo Municipal,  à ATP e ao Sindicato dos Rodoviários. A Lei , Srs. Vereadores, que aprovamos na Legislatura passada diz o seguinte: "Art. 3º - Os permissionários do serviço de transporte público de passageiros deverão solicitar à Secretaria Municipal dos Transportes licença para afixar os anúncios de propaganda. Art. 4º - Os recursos auferidos pelos permissionários de ônibus e lotações deverão ser exclusivamente aplicados para subsidiar o programa de assistência suplementar médico-hospitalar para os empregados das empresas de ônibus e lotações e de seus dependentes." Diz o parágrafo primeiro: "O programa, de que trata o 'caput' deste artigo, deverá ter a adesão formal dos trabalhadores, consignando, expressamente, os seus direitos no programa de assistência médico-hospitalar". O Sindicato da categoria deve ter avalizado este contrato feito com as empresas privadas de prestação de assistência médica, as de publicidade que fazem a propaganda nos ônibus. O parágrafo segundo diz: "A empresa responsável pela prestação dos serviços de assistência médico-hospitalar deverá enviar, mensalmente, ao Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul, detalhado relatório com todas as informações sobre os atendimentos prestados, a fim de permitir uma permanente avaliação na qualidade dos serviços e do cumprimento das cláusulas contratuais". Acredito que o Sindicato deva estar recebendo, mensalmente, todas as informações e até o porquê dos rodoviários estarem pagando assistência, médica uma vez que  toda a propaganda que há  nos ônibus de Porto Alegre está sendo paga, nada é gratuito. "Art. 5º - A fiscalização da obediência às normas legais, no uso dos espaços publicitários nos veículos integrantes da frota dos serviços de transportes público de passageiros será executada pela Secretaria Municipal dos Transportes. Parágrafo primeiro: para efeito de controle da aplicação de recursos e do Plano Padronizado de Contas, as empresas operadoras deverão abrir uma conta denominada 'Receita com Publicidade'  e outra denominada 'Despesas com Plano de Saúde', mantendo arquivados os respectivos documentos". O parágrafo segundo diz que às desobediências à lei haverá  sanções previstas em Decreto.

 Então, Sr. Presidente, estamos requerendo esse Pedido de Informações, queremos saber onde está o dinheiro das assistência médica, queremos saber as informações da ATP , da Secretaria Municipal dos Transportes e do Sindicato dos Rodoviários. Porque não é justo que esta Casa aprove uma Lei que preveja atendimento gratuito para os empregados do transporte coletivo e eles hoje estejam pagando por esse serviço. Isto é uma vergonha muito grande para todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos, neste momento, ao período de

 

PAUTA ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 1822/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 025/97, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentais para 1998 e dá outras providências. Com Emendas nºs 01, 02, 03, 04 e 05.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos nesta Pauta Especial, discutindo as Diretrizes Orçamentárias para 1998. Na Sessão passada, levantamos alguns aspectos da educação em Porto Alegre em que, mais uma vez, o Prefeito Municipal manda uma proposição que não prevê a construção de novas escolas, nem a ampliação da rede de escolas municipais na Cidade. Isto, de fato, é muito negativo, é muito grave, por quê? Porque Porto Alegre tem que ter a expansão da sua rede de educação .Muitos aqui, eu vi alguns Vereadores governistas até fazerem uma manifestação, talvez por desconhecerem a própria LDB nova, que discutimos desde 1986, no Congresso Nacional. Eu participei de muitas dessas discussões, fui muitas vezes a Brasília, como membro do Círculo de Pais e Mestres, para discutirmos a nova LDB. Então, o que ocorre, Srs. Vereadores, é que, talvez, o Governo Municipal esteja apostando naquilo que agora conseguiu incluir na LDB,  que foi o estudo por ciclos e que, diga-se de passagem, não tem nenhuma experimentação neste País, foi uma Emenda da Deputada Esther Grossi, que entrou na LDB para oportunizar ao Brasil esta flexibilidade, que permite a qualquer Município fazer o que bem entender com a educação. Então, nós poderemos ter, de novo, o Governo Municipal está apostando nisso, escolas até com primeiro ciclo; com primeiro,  segundo ciclo e terceiro ciclo,  ou seja, poderemos voltar a ter nas capitais, escolas de 1º grau incompleto ou aquelas escolas, ditas antigamente, de 1ª a 4ª série,  de 1ª a 5ª série. E aquele avanço que tivemos consubstanciado na Constituição Estadual de garantirmos as oito séries do ensino fundamental, com a nova LDB,  cai por terra. No momento em que o próprio Governo Municipal, que defende essa tese, não apresenta proposta, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, de ampliação de sua rede de escolas, eu acabo por entender que, talvez, a proposição seja essa mesma, de permitir que nós voltemos a ter escolas com ciclos de 1ª a 3ª, de 3ª a 6ª séries, e não termos, logicamente, o ensino fundamental completo, quando já é negativo o pouco atendimento que nós damos aos nossos estudantes.

Uma outra área, que está em aberto, é a dos deficientes. O Governo Municipal não quer ampliar o atendimento aos deficientes. Eu venho falando sobre isso há cinco anos desta tribuna. O Governo Municipal tinha que olhar para os deficientes não-treináveis. O Ver. Paulo Brum, que tem sido uma bandeira de luta em favor de todos aqueles que têm algum tipo de deficiência, sabe do que é a dificuldade de famílias que têm um deficiente não-treinável. E, mais uma vez, o Governo Municipal, não quer atuar, ampliar a rede e dar atendimento a essas crianças, a essas famílias.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador Jocelin Azambuja, primeiro, eu queria destacar a questão dos portadores de deficiência. Não se trata de que o Governo Municipal não queira atendê-los. Há dificuldades, inclusive orçamentárias, e há dificuldades de corpo técnico nas escolas especiais. No entanto, eu queria propor a V. Exa. - e já quero deixar registrado, também, ao Ver. Paulo Brum - que iniciemos sobre isso um debate aqui  na Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Casa para tentar viabilizar, no próximo ano,  um avanço  mais significativo na área dos portadores de deficiência, particularmente na questão das escolas especiais, em que, eu reconheço,  temos debilidades. No entanto, V. Exa. há de reconhecer que um esforço muito grande foi feito por nós neste particular.

Queria voltar à questão do ensino em Porto Alegre. Há, sim, divergências entre os pedagogos sobre a escola por ciclos. Temos uma experiência altamente exitosa em Belo Horizonte, na Administração do Prefeito Patrus Ananias, e que vem sendo continuado o processo na gestão do Prefeito do PSB, Célio de Castro. Nós, aqui, temos uma experiência nova, estamos atentos a isto. Estamos ouvindo os dois lados. Há pedagogos que são radicalmente contra, e há os que defendem, de uma forma bastante veemente. E algumas escolas estão com este processo em curso. Vou verificar, não tenho uma posição de antemão, porque são visões diferenciadas do ensino e aprendizagem que temos no nosso País.

Então, acho que poderíamos utilizar a Câmara de Vereadores, dado o processo importante, e fazer um grande debate para ouvir todos os lados da questão. Se me permite, esta é uma sugestão que lhe faria.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Acolho de forma positiva a sua manifestação. Mas, experiências são experiências. Mas, não se faz experiência em massa. E o calendário rotativo é uma prova disso. E a LDB oportunizou experiências em massa.  Então, esse é o grande erro. Se o seu Governo, por exemplo, em Porto Alegre começou a fazer uma experiência numa escola, na Monte Cristo, do estudo por ciclo, deveria esperar terminar os três ciclos para depois ter a avaliação, se é bom, se é ruim para pensar em implantar em outras escolas. O que fez o seu Governo? Implantou num ano em uma escola e no ano seguinte em mais 16, inclusive em escola para deficientes. Ora, então, deficientes mentais tem agora estudo por ciclos.

Então, não se fazem assim as coisas. Este é o grande erro neste País. As questões da educação são tratadas levianamente. E, lamentavelmente, tratadas de forma inadequada por todos os grupos políticos que se acham donos da educação. E a educação num País é bem maior, é do povo, não pertence a partido nenhum. Já cansei de dizer desta tribuna e volto a frisar. E o erro que se faz no País é exatamente esse. Preocupa-me bastante que Porto Alegre queira e esteja implantando, sem ter nenhuma experiência a respeito, e mesmo nas poucas escolas de Minas Gerais, que estão iniciando esse processo, nenhuma tem experiência de um ciclo completo. Assim, o nosso povo vive como cobaia, as nossas gerações vivem como cobaias. Entram governantes e saem governantes e a nossa educação sempre num caos. Por exemplo, Porto Alegre, até hoje, não sabe a sua linha pedagógica. Isso é gravíssimo, pois há um Governo, que está há nove anos no poder, e a educação não tem uma linha pedagógica. Vejam como é difícil a questão educacional. Por isso acho que é um tema muito sério, e sempre que posso trato dessa questão com profundidade, não gosto de ver esta questão sendo tratada com leviandade, achando que isso é só questão de interesse político. Eu abomino o interesse político-partidário na questão educacional, porque os governos são transitórios, qualquer um de nós, que militamos em partidos políticos, sabemos que tudo é transitório nos grupos políticos que se sucedem no poder, mas a educação de um povo não é transitória. Um erro cometido numa geração é um prejuízo para o País, para as futuras gerações. Não há como reverter isso! Os prejuízos que o Calendário Rotativo trouxe ao Rio Grande do Sul são irreversíveis. Essa geração foi prejudicada, e não há como reverter isso. Se amanhã ou depois se convencerem de que o estudo por ciclos não  é o ideal, não adianta mais, pois uma geração inteira já foi comprometida.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu só queria saber se V. Exa. confirma, de fato, a sua afirmação de que nós temos escolas por ciclos para deficientes.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sim, foi a própria divulgação do Secretário, que esteve na Comissão de Educação, que disse que estaria sendo implantados. Está lá nos Anais da Comissão de Educação. São 16 escolas, e para deficientes também, em Porto Alegre. Pode verificar, pois isso foi um depoimento no meu último dia de mandato como Presidente da Comissão de Educação e Cultura desta Casa. Não deixei de trabalhar até o último dia aqui, e o Secretário de Educação de Porto Alegre, que na época era Secretário Adjunto, José Clóvis, que prestou essas informações que estão nos Anais da Comissão de Educação Cultura e Esportes da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Quis voltar a este tema porque acho fundamental que batamos nessa questão da educação para que as pessoas possam se conscientizar da responsabilidade que temos com a questão educacional.

Com relação à questão dos municipários, as Diretrizes Orçamentárias falam na busca da melhoria da qualidade de trabalho dos municipários, mas tem que contemplar também essa proposição de orçamento, as perdas que os municipários têm tido ao longo dos anos. O Presidente do Sindicato, professor Pureza, tem vindo aqui, trazer esses dados, como veio hoje, e isso nunca foi contemplado na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Nós vamos fazer uma emenda nesse sentido. Se existem defasagens e o Governo Municipal não previu, se não tiver no Orçamento não vai poder pagar depois, se chegar à conclusão de que os municipários estão corretos. Se Porto Alegre não cumpre com as leis salariais, como é que o partido do governo vai lá na Assembléia criticar o outro partido que está lá, no poder dizendo que lá não cumprem? Como os professores vão ter aumento se aqui em Porto Alegre não cumprem a lei salarial? Aí o partido que comanda Porto Alegre vai chegar na Assembléia e vai dizer o quê? Não vai poder falar mal de ninguém, não vai poder criticar ninguém já que não cumpre as suas obrigações com seus funcionários. A visão errada do partido do governo em Porto Alegre é que ele,  o PT, tira a autoridade do PT da Assembléia Legislativa. Não dá para se entender uma coisa dessas. Então, se não cumpre lei salarial em Porto Alegre, como é que vão ter autoridade os deputados do PT de cobrar cumprimento de lei salarial na Assembléia Legislativa? Ninguém mais respeita ninguém. Evidentemente se criam esses desrespeitos, até essa situação constrangedora que aconteceu aqui na Câmara, pela indignação que as pessoas têm  com os parlamentares. Mas que parlamentares são esses que vão lá na tribuna, agridem, dizem que o governador do Estado não paga os professores, não cumpre as leis salariais e não paga o funcionalismo? Quando chega aqui em Porto Alegre vêem que acontece a mesma coisa conosco. Mas quem está cobrando lá? É o PT na Assembléia que cobra? E aqui em Porto Alegre o PT cumpre? Como fica isso na cabeça dos cidadãos? Então, a nossa lei de Diretrizes Orçamentárias tem que prever a reposição das perdas salariais dos funcionários municipais ou, então, o PT tem que escolher qual é o seu discurso, não reclama mais de salário de ninguém, fica  quieto, não reclama do governo federal, do governo estadual, para, depois, ter autoridade moral para ir lá discursar. Imaginem, se eu sou deputado do PT, eu não teria coragem de ir numa Assembléia Legislativa falar em nome do PT sobre questão salarial e nem iria ter coragem de ir na Câmara Federal, no Senado, falar sobre questão salarial. Como, com que autoridade eu vou chegar e dizer: olha esse Governo não cumpre, se em Porto Alegre são governo e não cumprem. Estas coisas devem estar previstas na lei de Diretrizes Orçamentárias: repor aquilo que os funcionários estão perdendo em Porto Alegre. A Bancada Petista deve fazer uma reflexão profunda. Cumprimento o Ver. Guilherme Barbosa, que foi eleito. Eu o cumprimento, como Presidente do Diretório Municipal do PTB, em Porto Alegre  e eu sugiro que o PT comece a fazer suas reflexões internas, de ver  qual é o seu caminho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, já há alguns dias, nós estamos debruçados sobre a análise do projeto de Lei do Executivo nº 25/97, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 1998 e dá outras providências. Esse Projeto deve correr pauta até o dia 20 do corrente mês. Ainda tem uma tramitação   plenamente delineada até chegar à Ordem do Dia, cuja previsão está para o dia 8 de agosto, uma sexta-feira. Até lá, está aberta a possibilidade da ocorrência e do oferecimento de várias Emendas que, certamente, a matéria, pela sua importância, haverá de suscitar.

Vejam bem que já temos juntadas ao Projeto cinco Emendas, todas elas de autoria do Ver. João Dib que, evidentemente, com a experiência parlamentar que tem, já madruga na apresentação dessas Emendas e o faz com muita propriedade, especialmente a Emenda nº 2 em que ele busca a substituição na linha a, do inc. I, do art. 7º do Projeto, da expressão “10%” para a expressão “2%”, quando ele fala na possibilidade de suplementação das verbas sem autorização legislativa. Nós já tivemos o ensejo, inclusive, de ouvir o Ver. João Dib justificar plenamente essa sua posição e até mesmo ser questionado pelo Ver. Adeli Sell que sustentava posição diametralmente oposta.

Outra Emenda do Ver. João Dib é uma luta antiqüíssima que S. Exa. vem desenvolvendo, penso que desde a edição da Lei Orgânica Municipal, que o Ver. João Dib cobra o estabelecimento da isonomia de vencimentos entre os servidores municipais, como estabelece o art. 11 do ato das Disposições Transitórias da Lei Orgânica Municipal.

Então, atentem os senhores que ainda temos que caminhar muito no exame e discussão desta matéria até chegarmos às definições das diretrizes estabelecido no anexo apresentado ao Projeto, onde vamos enfrentar no item 4, quando fala das intervenções urbanas, algo que nos parece um ponto a ser claramente identificado, quando se expõe a necessidade da regularização e democratização do uso do solo urbano.

Eu resumiria essa colocação com a necessidade de o Município retificar a sua política na área habitacional e ratificar uma decisão que historicamente acompanhou o município de Porto Alegre pelo qual nós sempre fomos, nesta Cidade, ao longo do tempo, desde o extinto Departamento Municipal da Casa Popular, um Município pioneiro na busca de alternativas para essa que é, indiscutivelmente, a mazela maior das grandes Cidades,  a carência habitacional que têm as populações de baixa renda. Vejo na manifestação contida no anexo um discurso muito bem formulado mas que falta uma ênfase para um dos subitens dessa manifestação que é exatamente a Gestão e Produção de Habitações Populares Através de Lotes Urbanizados e Unidades Habitacionais. Proposta que entendo que ultimamente não tem sido praticada pelo Município de Porto Alegre no estabelecimento das suas prioridades, ainda que neste ano estejamos a vivenciar o anunciado  Ano da Habitação Popular, proclamação feita pelo Ex-Prefeito Tarso Genro quando nos entregou o Orçamento do Município ainda em setembro do ano passado.

 

O Sr. Adeli Sell:  V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol hoje na Comissão de Economia Finanças e Orçamento da Casa aprovamos duas emendas às Diretrizes Orçamentárias feitas por V. Exa. que inclusive vão na linha de aperfeiçoamento do nosso trabalho na área habitacional. No caso aprovamos duas emendas que agilizam os processos referentes às Cooperativas Habitacionais. Proponho a V. Exa. que formalize essa sua intervenção que acaba de fazer, junto à Comissão de Habitação da Casa, dirigida pelo Ver. José Valdir, para que ao ser aceita, enquanto Comissão, seja imediatamente levada ao conhecimento do Governo Municipal para que houvesse uma resposta a essa sua importante questão que reconhecemos como justa e necessária. Para dar mais força, mais peso para sua preocupação talvez fosse o caso de um pronunciamento formal da Comissão respectiva da Casa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Exa. e informo que a minha Assessoria já está preparando algumas emendas ao Projeto as quais deverão ser apresentadas dentro do período em que pode haver as emendas apresentadas de autoria dos Vereadores e as chamadas emendas populares.

Comecei  o meu pronunciamento dizendo que estaremos com esse assunto em Pauta até o dia 20, quarta-feira que vem. Amanhã estaremos protocolando várias emendas, sendo que duas delas contemplam especificamente essa área de habitação, e outras se destinam a outros segmentos da Administração Municipal, porque devemos olhar a Cidade como um todo. O Ver. José Valdir, Presidente da CUTHAB, sabe perfeitamente bem que temos acompanhado o trabalho que Sua Excelência vem desenvolvendo, e temos algumas preocupações, até mesmo pela circunstância de que a municipalidade até agora não tenha utilizado instrumentos fortíssimos que a legislação lhe colocou à disposição, que são avanços que a Cidade de Porto Alegre tem e que poderiam ter sido usados até agora com muito maior intensidade, e se os tivesse usado nesse objetivo da regularização fundiária, já teria ficado amplamente encaminhado, na medida em que dispõe o Executivo da Cidade de um instrumento fortíssimo que é regulado na própria Lei Orgânica do Município que diz respeito ao instituto do Direito Real de Uso facultado pela Lei Orgânica do Município a ser estendido a todas aquelas áreas públicas que estivessem na situação prevista na Lei, quando do estabelecimento da Lei Orgânica do Município. Vemos que essas áreas na sua maioria dependeriam, em um segundo momento, de audiência da Casa,  já que se tratam de áreas acertadas com a finalidade de ser  para recreação, precisaria ocorrer, como já tem ocorrido em várias circunstâncias que aqui têm sido colocados, o desafetamento dessas áreas, a fim de que elas se transformem em áreas de interesse social, em área de habitação de interesse social e possa ali ser desenvolvido esse instituto do Direito Real de Uso, com a concessão da posse regular ao ocupante da área e a segurança de que ele poderá desenvolver aqueles programas de melhoria de sua habitação, que a segurança da posse autoriza a qualquer um poder desenvolver. Então, esse ângulo parece-nos, extremamente, enfocado, quando se lamenta a não-ocorrência com intensidade maior de intervenção do Município nessa área, mas não descarta a necessidade que se nos parece, absolutamente, irrenunciável, por parte do Executivo Municipal, na multiplicidade de suas tarefas, é que, além de organizar essas situações que, espontaneamente, o que chamo de "urbanismo popular" propiciou, faz-se necessário que o Município de Porto Alegre, através do seu órgão competente, Departamento Municipal de Habitação, crie alternativas concretas de habitação para a população carente da Cidade, na forma de lotes urbanizados, na forma de embriões populares, na forma de casas populares, ou até mesmo na forma de habitações coletivas, numa experiência que já foi desenvolvida aqui nesta Cidade, a curto prazo, com excelentes resultados. Fico pasmo ao verificar que, no ano em que Porto Alegre anuncia, com um trombetear muito forte, que será dedicado a ser o "Ano da Habitação", estejamos no sexto mês do exercício administrativo e não tenhamos verificado o surgimento de nenhuma nova alternativa habitacional.

 Há projetos bons, inclusive, alguns destinados para Vila Restinga para construção de unidades habitacionais, mas estou informado de que esses projetos sequer foram licitados, e ainda não iniciaram o seu desdobramento. O que nos autoriza a temer que ele não venha a ter o mesmo deslanche, ainda durante esse exercício,  que, saliento, foi escolhido e apresentado  pela administração do  Município como sendo o "Ano da Habitação Popular". Então, dentro dessa linha, Sr. Presidente, e procurando ficar adestrito ao período regimental que nos é definido, eu anuncio que, ao longo do dia de amanhã, dentro daquilo que  prevê a própria processualística do exame dessa matéria, estamos apresentando algumas emendas a esse projeto, sendo que duas delas, fundamentalmente,  se destinam à área da habitação, área essa que consideramos que, não só tem que ser anunciado no discurso como prioritária, mas tem que ser uma decisão política de toda a sociedade porto-alegrense, da qual não pode estar liberada a Câmara de Vereadores, no sentido de transformar a prioridade anunciada para este ano como uma prioridade do próprio Município de Porto Alegre a desenvolver-se neste orçamento, nos próximos orçamentos, e durante todo o período em que a nossa influência política puder determinar  o estabelecimento da prioridade. Entendemos que no quadro de hoje da Cidade de Porto Alegre, mais do que todas as outras mazelas urbanas - confusão de trânsito, problemas de áreas verdes, problemas de contenção de área de risco -  a criação de alternativas concretas para habitação da população carente da nossa Cidade terá que ser clara e comprovadamente colocada na relação da prioridade primeira que, aliada à educação e à saúde, sejam as metas a serem perseguidas diuturnamente pela Administração do Município com o apoio integral deste Legislativo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Renato Guimarães está com a palavra em tempo de Pauta Especial.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, uso a palavra para discutir o Projeto da Lei de Diretrizes  Orçamentárias para o ano de 1998..  Gostaria de colocar um debate aqui na Casa. Há algumas sessões atrás, o Ver. Pujol, debatendo a Lei de Diretrizes Orçamentárias, colocou a questão em relação ao percentual de Orçamento que vem para a Câmara de Vereadores, questionando a proposta do Executivo, o mesmo  apresenta a proposta de que as despesas  com o Legislativo não excederão a quota de 3,5 das receitas correntes. No acompanhamento que fazemos junto ao movimento popular sabemos da grande luta que é se conseguir ampliar percentuais junto às políticas sociais para que se possa, cada vez mais, atender à questão da população nos temas da saúde, da habitação, da educação, da política da assistência social.

 Gostaríamos de destacar essa questão referente ao Orçamento da Casa, da proposta que o Executivo encaminha de 3,5, dizendo que no entendimento da Bancada do PT esse percentual é justo e vamos além disso: a bancada do PT, este Vereador, gostaria de propor à Mesa da Casa, de propor aos Vereadores, mesmo com um Plenário bastante vazio, contando com a presença de alguns Vereadores da Bancada do PT, com o Ver. Reginaldo Pujol, Ver. Jocelin Azambuja e o Ver. Paulo Brum, que não se ausenta do seu serviço, que da mesma forma como a Prefeitura implantou na discussão do seu Orçamento o Orçamento Participativo, onde a Prefeitura discute com a população da Cidade como deve gastar o dinheiro que arrecada, que nós abríssemos uma discussão sobre este percentual. Como é gasto, na Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, os 3,5% do Orçamento que vem para cá? Antes de discutirmos a ampliação deste valor, como o Ver. Reginaldo Pujol propõe, de 3,5% para 5%,  eu gostaria de propor que a Casa, os Vereadores, os funcionários, os CCs, o conjunto de pessoas que fazem a Câmara de Vereadores existir, discutisse este percentual, como ele é gasto, para, depois, discutir se ele tem que ser ampliado ou reduzido. Eu gostaria de deixar registrada esta proposta.

Em segundo lugar, lamentando a ausência do Ver. Cláudio Sebenelo, que é o Vereador que, na discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias, iniciou o debate da questão da saúde, questionando a proposta que o Governo manda para a Casa em relação  aos projetos de saúde, quero registrar que a Prefeitura de Porto Alegre, além de respeitar a Lei, tanto Federal como Municipal, que diz que temos que gastar 13% do nosso Orçamento com saúde, faz mais ainda. Nas despesas do ano passado foram registrados 14,62% dos gastos da Prefeitura com saúde. O Governo do Estado, no mesmo ano, gastou 2,43% com saúde. Nada mais normal, sabedores da situação dos hospitais, como estão os serviços de saúde no conjunto do Estado. Em  Porto Alegre, o hospital Belém, na Av. Oscar Pereira e que é de responsabilidade do Estado, qualquer um de nós pode ir  visitá-lo e ver em que condições ele está. Gostaria de registrar que a Administração Popular gastou 14,62% do seu Orçamento com saúde no ano passado. Em contrapartida, o Governo do Estado gastou 2,43% e o Governo Federal não chegou a gastar 5%  do seu orçamento com despesas de saúde.

Registro também que a Bancada do Partido dos Trabalhadores no Congresso Nacional está fazendo uma mobilização para que seja aprovado um Projeto de Emenda Constitucional que obrigue Governo Municipal, governo Estadual e Governo Federal a gastar, no mínimo, 10% do seu orçamento com saúde. No debate sobre  o modelo de saúde que apresentamos no anexo, não chega a ser um modelo,  citamos quais são os principais programas que a Prefeitura de Porto Alegre desenvolve em termos de saúde. O nosso modelo de saúde, como bem sabe o Ver. Sebenelo, é baseado em uma construção de rede básica de saúde, que seja  a porta de entrada do cidadão, que o cidadão não necessite buscar um hospital, que o cidadão, ao se sentir mal, busque na sua região uma unidade básica de saúde. A construção dessa rede básica não se dá em meses, anos. É um processo. Porto Alegre recebeu, no ano passado,  65  serviços de saúde totalmente sucateadas. Registramos isso na imprensa. Não estávamos recebendo unidades de saúde funcionando. Entramos em um processo paulatino recuperando essas unidades. A  Prefeitura de Porto Alegre tem compromisso com o modelo que é uma rede básica. Apresentamos a questão do modelo que é desenvolvido em todo País que é o chamado Programa de Saúde da Família  que o Ministério da Saúde na administração do Ministro Jatene apoiou muito e esse Programa se desenvolveu em várias partes do país. Porto Alegre, no ano passado, na Conferência de Saúde aprovou que a Prefeitura agregasse esse programa. Foram implantados 24 serviços de Programa de Saúde da Família. Mas, Porto Alegre teve que parar com esse programa porque o Ministério da Saúde parou de repassar as verbas para a implantação do Programa. Por isso, Porto Alegre parou com a implantação do Programa. No nosso entendimento, da Administração Popular, nós teríamos que implantar, no mínimo, 60 Programas de Saúde da Família em Porto Alegre e paramos em 24, porque o Governo Federal, o atual Ministro da Saúde, não está repassando as verbas. Estamos em negociações com o Ministro do Governo do PSDB para que continue repassando as verbas e nós possamos continuar com o Programa.

Também gostaria de destacar a questão da educação. As medidas que foram propostas de mudança do sistema de séries para ciclos, como isso ocorreu? Foi uma atitude autoritária ou não da Secretária Municipal de Educação? Nós gostaríamos de esclarecer aos Srs. Vereadores que a SMED, juntamente com a Administração Popular e os movimentos sociais, construiu nos últimos 3 anos um conjunto de debates tipo Constituinte Escolar que se realizou desde a escola até um grande congresso na Cidade para discutir o modelo de educação e as mudanças que eram necessárias. As medidas que estão sendo desenvolvidas hoje pela Administração Popular são resultado desses debates. Se houve ou não nesses debates erros, é uma caminhada. A cidadania está fazendo essa caminhada, tem direito a errar, falhar e continuar caminhando.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria cumprimentar V.Exa. pela postura que tem em relação à área da saúde. Realmente, essa é a nossa visão em relação aos percentuais, Ver. Renato Guimarães, quero lhe informar que é exato esses 4 vírgula noventa e poucos do Governo Federal, mas que também têm que ser traduzido, e a minha intenção não é de polemizar, não quero interrompê-lo nessa análise que V.Exa. faz da área da educação porque também é uma área crítica e difícil para a Administração Municipal. Respeito muito esse tipo de proposta, e, pela primeira vez, vejo, com imensa satisfação o "insigth" que está sendo feito na área da educação, com perfeição Congratulo-me com isso. Quero alertar, Vereador, que desse percentual o Brasil investia, em 1994,  48 dólares "per capita", até fins de 1995 passou para 98 dólares; duplicou. Hoje, a projeção até agora e até 31 de dezembro - realmente, acho que a contribuição do CPMF é importante para isso, não tenho dúvida; inclusive, passei para o Ver. Juarez Pinheiro a satisfação que o Governo está dando ao dizer onde gastou o CPMF - está em quase 200 dólares "per capita" no Brasil. Mesmo sendo um percentual pequeno em relação ao todo, é importante e significante o aumento que o Governo Federal teve com relação à área da saúde, tal a sua preocupação. Muito obrigado.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Só gostaria de registrar, Vereador, para continuarmos esse debate em outra ocasião, que vou trazer os dados. Os dados que tenho de 1994 para cá são de que a Administração Federal reduziu os gastos com saúde. Eu vou buscar os dados e continuaremos a discussão, acho interessante.

Finalizo destacando que no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias são colocados dois programas na área da educação que eu gostaria de citar: um é o SEJA - Serviço de Educação de Jovens e Adultos - que a Cidade sabe do potencial que esse programa tem e dos benefícios que ele traz a um conjunto de jovens e de adultos que não podem, não têm condições, hoje, por questões de trabalho, de família, de acompanhar o ensino na rede regular; e gostaria de destacar um programa que está sendo lançado em Porto Alegre, um programa de parceria com a sociedade, chamado MOVA - Movimento de Alfabetização.

Eu gostaria de terminar falando neste Movimento, para dizer que Porto Alegre tem  índices em torno de 6% de analfabetos. A Administração Popular, lançando esse Movimento em parceria com a sociedade, tenta combater esse índice, dar condições junto com entidades do movimento comunitário de atingir esse conjunto de cidadãos que ainda não conseguiram se alfabetizar.

Na Casa já existe um projeto que autoriza o Executivo  à abertura de crédito especial  para começar esse programa, e a Bancada do PT, os movimentos sociais envolvidos, o MOVA, contam com o apoio dos colegas Vereadores para que se tenha o Projeto de Lei  aqui na Casa votado e o programa  desenvolvido na Cidade.

Agradeço a atenção  dos Vereadores que estão no Plenário. Muito obrigado.

 

(Não  revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a  palavra. Desiste. O Ver. José Valdir está com  a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se depender de mim nada fica sem resposta neste Plenário, neste debate. O Ver. Renato Guimarães já comentou  a área da saúde. Vou falar  sobre o final da sua intervenção, na questão da educação, que foi alvo de uma catilinária por parte do Ver. Jocelin Azambuja.

Em primeiro lugar, temos uma preocupação na área da educação, que é combater a exclusão, que a escola tradicional costuma fazer em relação ao aluno, principalmente com o aluno das classes populares. Em conseqüência disso, temos o fenômeno da repetência, da evasão escolar, que é muito grande  na rede tradicional e que, depois, gera situações de que,  pessoas que não conseguem sequer se alfabetizar ou que conseguem se alfabetizar muito mal, apenas assinar o nome. Estamos combatendo essa realidade de duas formas. Primeiro, dentro da escola, na rede escolar do Município, combatendo, através de uma linha pedagógica adequada às classes populares, o fenômeno da repetência e da  evasão escolar.

Em segundo lugar, trabalhando a questão daqueles que hoje estão nessa situação de não terem conseguido se alfabetizar ou terem se alfabetizado de forma precária através desses dois programas citados pelo Ver. Renato Guimarães.

Um, pela  intervenção direta da Secretaria, através de sua escola, nos diversos locais descentralizados de atuação, e o  outro através desse movimento que envolverá toda a sociedade, que é o MOVA.

Gostaria de deter-me exatamente na acusação feita aqui, de que no Município não há linha pedagógica. Na verdade não é bem essa. O Ver. Jocelin Azambuja não concorda com a linha pedagógica que estamos adotando. O que é absolutamente diferente. Como sempre na sua simplificação  e na sua sanha de bater na Administração ele faz este tipo de análise, tentando passar, como se diz na gíria, "gato por lebre". Vamos analisar esta questão detidamente. Hoje esta claro, independente de ser do PT, de ser de esquerda, pois quem entende um pouquinho de educação sabe que estão - não só no Brasil, mas fora dele, inclusive - em disputa dois projetos de escola.  Um, que nós  poderíamos chamar de escola tradicional e outro que poderíamos chamar de escola cidadão. Cada um com os seus teóricos, com os seus pedagogos, com as suas respectivas análises de intelectuais.

Vamos analisar esses dois projetos. A escola tradicional se diferencia da escola cidadã exatamente pelo objetivo fundamental; a escola tradicional se propõe apenas a produzir um tipo de cidadão adaptado ao mercado, um cidadão capaz de resolver os problemas do mercado. Enquanto a escola cidadã está preocupada não apenas em dar condições para o indivíduo competir no mercado de trabalho, mas, também, com a formação da cidadania. Daí decorrem todas as diferenças. Porque a escola tradicional procura, na verdade, fazer uma adaptação do indivíduo à sociedade, porque ela não faz  um questionamento da sociedade que aí está. Ela diz, simplesmente, que a sociedade que aí está é assim, vai continuar assim, e cabe ao cidadão tirar o melhor proveito disso. Sendo capaz, ele vai conseguir sobreviver no mundo da competição e se projetar socialmente.

A outra escola procura formar um cidadão que não seja adestrado, que seja um cidadão capaz de entender e questionar essa sociedade. Por isso é que essas escolas, nas suas respectivas práticas e metodologias de ensino, são completamente diferentes. A escola tradicional procura trabalhar valores como a adaptação, a submissão, o respeito à hierarquia, sem nenhum questionamento - começa pela hierarquia do professor na sala de aula -, procura trabalhar o valor da competição, como se isso fosse inexorável à sociedade competitiva: tu tens que ser mais, tu és capaz de te sair bem na guerra da competição. Em suma, ela vê também dentro da sala de aula uma relação de hierarquia, onde o professor detém o conhecimento, ele é o que sabe, e o aluno é o que não sabe. E se estabelece, portanto, uma metodologia dentro da sala de aula, que prioriza os trabalhos individuais, que prioriza a competição, que separa os diferentes e que trabalha com a idéia de assimilação do conhecimento. O conhecimento está depositado na figura do professor, na figura da escola, e o aluno tem que assimilar.

A escola cidadã trabalha com outros valores, com outros objetivos. Ela já questiona isso pela raiz, procurando trabalhar os valores não da competição mas o da cooperação. A metodologia dentro da sala de aula não é priorizar o trabalho individual, mas o trabalho coletivo, pois trabalhando o valor da cooperação e não da competição  incentiva àquele aluno, que consegue um melhor desenvolvimento, para que também seja um parceiro dos outros colegas na transmissão do conhecimento e não apenas mais um a competir. Quer dizer: as duas escolas procuram formar projetos para um tipo de sociedade que imaginam deva existir. Portanto, a escola cidadã  procura preparar tendo por base os valores da cooperação, do coletivo, do respeito ao indivíduo, porque é ingênuo pensar que o individualismo respeita o indivíduo. O individualismo não respeita o indivíduo, e sim procura transformar o indivíduo em objeto. Essa concepção de cidadania da escola cidadã é que procura valorizar o aluno e a bagagem de conhecimento que ele tem, onde não há aquela concepção de que o professor é quem sabe tudo, porque admite que o aluno também sabe e que deve haver, dentro da sala de aula, uma interação entre o educando e o educador.

Essa concepção, assim como a outra, têm vários teóricos. Assim como podemos dizer que a outra se baseia em Skiner, essa poderíamos citar vários, mas podemos citar Paulo Freire que tão bem elucidou essa questão e desenvolveu práticas de ensino dentro dessa visão. E também há uma diferença fundamental nos dois projetos de ensino em relação à comunidade. Tem o aparte o Ver. Adeli Sell.

 

O Sr. Adeli Sell:  Caro Ver. José Valdir, diga-se de passagem que isso não é um patrimônio partidário, e sim um patrimônio de conquista, de elaboração teórica, filosófica, que não é apenas algo local, mas tem projeção em vários pedagogos de nível internacional, como Piaget e o nosso saudoso Paulo Freire, entre tantos outros. Recentemente fui acionado por uma Prefeitura do interior do Estado cujo Prefeito é do PPB, Partido do Ver. João Dib, querendo pessoas vinculadas a essa área do pensamento humano para assessorar o Secretário Municipal de Educação daquele Município. Portanto, não se trata de uma disputa político-partidária, e sim de uma visão pedagógica, uma decisão de que escola queremos.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Agradeço a V.Exa. pelo aparte eu já tinha apontado nessa direção, mas o aparte de V.Exa. contribui para esclarecer. Exatamente, são visões de escola que estão em disputa no mundo inteiro, inclusive nesses encontros todos de educação, promovidos ou não pelo Município. Essas duas concepções de escola estão se enfrentando hoje. Na relação com a comunidade também se nota a diferença, porque, na escola tradicional, a relação com a comunidade também é autoritária,  a escola é vista como um enclave, como um templo do saber no meio de uma comunidade ignorante.

Na escola cidadã, a escola é vista como um local de interação do conhecimento acadêmico com o conhecimento popular, um local não apenas de transmissão do saber, de uma agência de conhecimento para uma comunidade ignorante,  mas um local de produção e de  reconstrução do conhecimento exatamente pela interação dos dois saberes, o acadêmico e o popular. Esses dois Projetos estão hoje em disputa e a nossa Administração tem isso claramente definido,  E não é só a nossa Administração; várias administrações de outros partidos,  do PMDB, do PPB - como citou o Ver. Adeli - de todos aqueles, independente de partido, que têm uma visão progressista. Hoje, questões relativas à saúde não são patrimônio desse ou daquele; são visões que já se incorporaram na visão progressista e que só os atrasados, os conservadores, os obscurantistas não querem aceitar. O Ver. Jocelin defende um projeto de escola completamente atrasado, conservador,  um projeto tradicional e vem aqui dizer que nós não temos linha pedagógica; pois nós temos uma linha com a qual ele não concorda, porque a linha pedagógica do Ver. Jocelin é a da escola tradicional, a da chamada  merco-escola  que está  preocupada em produzir cidadãos alienados para o mercado de trabalho, essa é a escola que o Ver. Jocelin defende.

Para concluir, quero dizer que esta escola que defendemos é uma escola que pretende propiciar o acesso inclusive das classes populares ao conhecimento, mesmo o conhecimento mais sofisticado,  porque o conhecimento é patrimônio da comunidade, não é patrimônio das elites. É por isso que as nossas escolas, hoje, têm computador,  porque o  filho do trabalhador,  na vila,  tem que ter acesso às novas tecnologias. Fui na Vila Fátima e vi  a escola funcionando com computadores.

Outra questão é vincular os conteúdos com a realidade, e, por isso, fizemos um processo de discussão  dos currículos dentro da escola que o Ver. Renato Guimarães já citou.

E outro aspecto é sobre a democratização da escola. Já fizemos vários encontros com os conselhos escolares que foram aprovados nesta Casa e que são uma realidade no Município, e que reúnem pais, alunos, professores e funcionários. E esse conselho é superior ao  Círculo de Pais e Mestres que o Vereador defende e que tem um estatuto padrão da ditadura militar, cujos cargos mais importantes são cargos de confiança da direção da escola. Nós já superamos essa experiência com  o Conselho Escolar, que não é proposta do PT, mas de todos os setores avançados da educação que conseguiram formular essa questão da democratização em outro patamar muito superior ao chamado Círculo de Pais e Mestres, que é uma coisa superada sob o ponto de vista da participação e da democratização da escola só defendida por quem ainda está no modelo  tradicional e medieval de escola pública e de escola em geral. Sábio é quem hoje defende o Conselho Escolar como uma forma superior de organização dentro da escola. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que o Presidente, Ver. Clovis Ilgenfriz, retirou-se, em representação desta Casa, para a abertura do Seminário Internacional de Rádio e Jornalismo no Centro de Convenção da PUC.

Passamos ao período de

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0934/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 011/93, de autoria da Vera. Maria do Rosário, que obriga os estabelecimentos de cultura e lazer a aceitarem o pagamento de ingressos através de cheques.

 

PROC. 1762/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 109/97, de autoria do Ver. José Valdir, que acrescenta inciso IV ao art. 1º da Lei nº 6998/92, alterada pela Lei nº 7462, de 20 de julho de 1994, e parágrafo ao art. 1º da Lei nº 5548/84, modificada pela Lei nº 6431/89, que estende os benefícios do instituto da passagem escolar nos serviços de transporte coletivo do Município de Porto Alegre e dá outras providências. (Funcionários de escola da rede pública estadual que residam ou trabalhem em Porto Alegre)

 

PROC. 1768/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 110/97, de autoria do Ver. Cyro Martini, que autoriza o Executivo Municipal a instituir os serviços de Moto-Táxi e dá outras providências.

 

PROC. 1826/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 113/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Antônio Sáber um logradouro público, cadastrado como Rua 35 - Parque do Arvoredo, localizado no Bairro Jardim Itu-Sabará.

 

PROC. 1880/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/97, que autoriza o Poder Executivo a alienar imóvel do patrimônio municipal a Orion Ferreira Jardim, José Darci Andreotti, Waldemar Alves Ferraz e dá outras providências.

 

<D><MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><D><E>2ª SESSÃO

 

PROC. 1661/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 094/96, de autoria da Vera. Maria do Rosário, que determina a colocação de cartão de identificação nos veículos da frota de táxi e lotação do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 1621/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 101/97, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que estabelece critérios para a contratação de empresas privadas pelo Município de Porto Alegre.

 

PROC. 1836/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 114/97, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que dá nova redação aos artigos 1º e 2º e acrescenta parágrafos ao artigo 1º da Lei nº 7958, de 08 de janeiro de 1997, que dispõe sobre o reajuste da tarifa do transporte coletivo do Município. Com Emendas nºs  01 e 02.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0725/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 041/92, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, que altera as Leis nºs 6431, de 03 de agosto de 1989, e 6998, de 10 de janeiro de 1992 (passagem escolar). Com Emendas nºs 01, 02 e 03.`

 

PROC. 1712/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 107/97, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Dagoberto Lima Godoy.

 

PROC. 1732/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 108/97, de autoria do Ver. Paulo Brum, que obriga os hotéis e motéis estabelecidos no Município de Porto Alegre a adaptarem suas instalações, a fim de garantir o acesso de pessoas portadoras de deficiência e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ação sem razão é precipitação, razão sem ação é omissão. O Prefeito Municipal de Porto Alegre e o Secretário Municipal dos Transportes - os dois - são omissos, porque responsabilidade se assume e não se transfere. Quem tem a responsabilidade sobre o transporte público em Porto Alegre é o Prefeito e o seu Secretário Municipal de Transportes. Eu fui as duas coisas e sei disso. Tenho 40 anos de história no  transporte coletivo, acompanhei tudo, passo a passo, nunca mandei me representar, sempre estive no local decidindo o problema. Como Secretário dos Transportes, quando foi necessário um cobrador, fui um cobrador. Como Secretário dos Transportes, entendi que havia risco numa viagem de ônibus e em uma ocasião eu estava dentro de um deles e ele foi apedrejado. Como Prefeito, foi decretada uma greve geral no País, e eu disse: "Porto Alegre não pára, porque não vou deixar o transporte coletivo parar". Às 3 horas da manhã, eu estava na Secretaria Municipal dos Transportes; às 4 horas eu estava no terminal Alameda distribuindo ônibus para que a coisa funcionasse devidamente.

O que o Prefeito de Porto Alegre e o seu Secretário Municipal dos Transportes estão fazendo é  pura omissão. Esse Projeto de Lei que aqui está não vai resolver nada; absolutamente nada, ele vai dizer que, mais uma vez, houve uma má redação na Câmara Municipal que, aliás, é o que disse o Luís Carlos Bertotto. Ele informa que o texto foi redigido na Câmara: "O que estamos fazendo é dar o apoio técnico para alterar a legislação." Se este é o apoio técnico da Secretaria Municipal dos Transportes, é o apoio da incompetência, porque diz um artigo: "A aplicação do disposto no Parágrafo 1º só se dará durante a vigência do Plano Real". Isso é brincadeira para uma Câmara Municipal escrever no Projeto de Lei tal coisa. O Plano Real é uma existência, não está se esperando que ele termine, e num Projeto de Lei não se escreve tal coisa. Mas não foi dito aqui como será calculada a tarifa, quando a Lei Nº 7.958 anulou toda a legislação sobre transporte coletivo e cálculo de tarifas. E aqui não está dito como é que vai ser feito. Esta é a assessoria técnica competente daqueles ilustres membros da Secretaria Municipal de Transportes?  E dois Vereadores assinam o Projeto de Lei.  Eu teria vergonha de assinar tal projeto. Se é para fazer um projeto de lei, vamos tornar sem efeito a Lei 7958 e revigorar as leis que estavam em vigor e que deixaram de estar em vigor.

Esse Projeto diz: "Os processos de revisão tarifária, contendo comprovante de cálculo e Ata do Conselho dos Transportes, serão enviados ao Poder Legislativo no prazo de 48 horas". Essa lei já existe e é cumprida. Era, pelo menos. "As tarifas poderão ser reajustadas a pedido da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre quando houver revisão salarial dos rodoviários ou quando a inflação acumulada desde o último reajuste, medida pelo IGPM, ultrapasse 6%." O §3º diz: " Os cálculos tarifários serão procedidos pelos órgãos técnicos da Secretaria Municipal de Transportes - SMT - através da utilização de planilhas de custos de serviço, considerando, ainda, seus parâmetros operacionais". Isso foi revogado e vai continuar revogado. Então, essa assessoria técnica competente da Secretaria Municipal de Transportes é a prova maior da incompetência, é a prova maior da omissão, é a prova maior da falta de seriedade, de responsabilidade de quem tem que dirigir o transporte  público.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O nobre Ver. João Dib, o Ver. Elói Guimarães, juntamente com o nosso companheiro José Valdir, estão apresentando emenda ao art. 1º e 2º, que, em parte, retira essa acidez do seu discurso, porque expressões como "a questão do Plano Real" são retiradas. Isso quer dizer que esse Projeto está sendo aperfeiçoado.

 

O SR. JOÃO DIB: Sou grato ao brilhante aparte de V.Exa., que apenas comprova a incompetência da Secretaria Municipal de Transportes, que assessorou um projeto de lei, e, antes de ele ser mais discutido, já começa a emendá-lo.

Vejam, Srs. Vereadores e meus caros rodoviários, em que situação nós estamos. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós temos que, logicamente, na discussão de Pauta, olhar esses projetos, especialmente esse do Ver. Elói Guimarães, que envolve a questão do transporte coletivo.

Eu queria dizer apenas uma coisinha ao Ver. José Valdir: Ver. José Valdir, até hoje, o Município não tem linha pedagógica definida, nem reformaram os regimentos das escolas. A minha proposta não tem nada com esse ou aquele tipo de escola. V. Exa nem conhece o meu pensamento sobre a questão de linha pedagógica. Não defendo escola tradicional, nem defendo aquela proposta que V. Exas. tentam impor e não conseguem nas escolas municipais. Façam uma consulta aos professores e vão ver.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente,  parece-me que o orador  está-se desviando da Pauta normal e está discutindo o assunto da Pauta Extraordinária. Pediria a V. Exa. que tomasse providências.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Peço desculpas, Sr. Presidente, por ter-me afastado momentaneamente da Pauta, mas é que a democracia petista é assim. O Ver. José Valdir, quando assume a tribuna, nem aparte dá. Gentilmente, sempre cedo aos vereadores do PT. Mas, o PT é assim: se diz Partido dos Trabalhadores, mas não é de trabalhador coisa nenhuma.

Então, Srs. Vereadores, quero dizer o seguinte: o Ver. José Valdir  está querendo - eles pregam uma coisa e praticam outra - enrolar os rodoviários. Lamentavelmente, o Ver. Elói Guimarães entrou nesta jogada também, e o Sindicato também está entrando. Já estão fazendo emendas, vão mexer daqui, mexer dali. Eu alerto ao Sindicato que esta proposta é uma proposta inconcebível; eles querem tirar a responsabilidade das empresas de transporte, dos patrões de vocês e do Prefeito, jogando para a Câmara de Vereadores, para dizer que a culpada é a Câmara por não dar aumento para vocês. Não tem nada a ver esta questão. Da mesma maneira como estão desviando o dinheiro de vocês. Onde está o cumprimento da legislação?

Então, não se iludam, esta prática que o PT tem ...

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do Orador). Nobre Ver. Jocelin Azambuja, não tive oportunidade de privar com V. Exa na legislatura anterior, porque não era Vereador. Tive contatos com V. Exa. em outras atividades do movimento social que me fizeram sempre respeitá-lo, mesmo que discordante em alguns temas.

Quero dizer, respeitosamente, que V. Exa,  neste momento, como se dizia na fronteira, "está-se agarrando até em fio desencapado", o que não é do seu jaez. V. Exa está demonstrando no seu pronunciamento, na sua intervenção, desconhecer o Projeto de Lei que está discutindo. Digo isso com fraternidade, mas é a maior coerência no sentido de respeitá-lo, e neste momento V. Exa. está sendo muito infeliz.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Agradeço a V. Exa., e o respeito por sua capacidade, pelo seu trabalho e pela luta que sempre empreendeu nesta Cidade, mas somos obrigados, sempre, a chamar a atenção, quando nós praticamos uma coisa e teorizamos outra. Esse sempre tem sido o meu questionamento. Fiz quatro anos esse questionamento aqui da tribuna, porque a responsabilidade da política, neste País, é nossa, e nós não temos sabido fazer política, porque teorizamos uma coisa e praticamos outra.

O PT defende, intransigentemente, os sindicatos. Quis até arvorar-se como dono do movimento dos sindicatos neste País, e defende, intransigentemente, que patrão e empregado negociem, mas em Porto Alegre não. Em Porto Alegre é diferente, querem que  quem negocie seja a Câmara; que seja a Câmara que abra propostas que não têm nenhum sentido, como esta, de querer jogar para a população uma responsabilidade que é das empresas, que não vivem mal, diga-se de passagem. Nunca viveram tão bem! Nunca vi empresário de transporte vivendo mal, mas o povo é quem tem que pagar a  conta. O PT tem que apresentar, lá na Assembléia, uma proposta de aumento para os professores, e que crie uma fórmula que possibilite aos deputados darem um aumento aos professores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós temos uma Pauta rica no dia de hoje, com inúmeros projetos, que fazem com que tenhamos até alguma dúvida de como iremos começar a abordagem desses projetos, porque temos o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre, proposto pelo Ver. Cláudio Sebenelo ao Sr. Dagoberto Lima Godoy, o Projeto do Ver. Paulo Brum que obriga os motéis e hotéis estabelecidos no município de Porto Alegre a adaptarem suas instalações a fim de garantirem o acesso das pessoas portadoras de deficiência, nós temos Projeto do Ver. Nereu D'Ávila que quer mexer na passagem escolar, o Projeto do Ver. José Valdir que também quer alterar essa lei estendendo esse benefício aos funcionários da escola da rede pública estadual que residem ou trabalham em Porto Alegre, o do Ver. Cyro Martini que autoriza o Executivo Municipal a instituir serviço de moto-táxi, até chegarmos naquilo que tem sido o objeto das discussões maiores desta Casa que é o Projeto de autoria do ilustre  Ver. Elói Guimarães que dá nova redação aos artigos 1º e 2º e acrescenta parágrafo ao art. 1º da Lei nº 7958 de 08 de janeiro de 1997, que dispõe sobre reajuste da tarifa de transporte coletivo do Município.

 O Ver. Cláudio Sebenelo me pediu para que eu reservasse o tempo para ele, e eu o farei, mas o fazendo não posso deixar de fazer uma colocação em homenagem ao Ver. Elói Guimarães porque acho que estamos todos numa ratoeira, estamos embrenhados nesse processo e o Ver. Elói Guimarães e o Ver. José Valdir, com coragem, assumiram uma posição que por mais discutível que possa ser não podemos retirar dos dois um adjetivo: responsáveis, porque eles foram responsáveis pela coisa pública, trazendo um problema que tem na Cidade ao exame dos Srs. Vereadores. Nós estamos discutindo este assunto e o faremos até após o pronunciamento do Ver. Sebenelo. Como este Projeto tem segunda Sessão, eu posso dele me ocupar em outras ocasiões e cobrar, no bom sentido, da Ver. Maria do Rosário que venha à tribuna - porque não gosto de me manifestar sobre nenhum projeto que não tenha primeiro merecido a manifestação do autor - e que nos diga o que pretende com a sua lei que determina a colocação de cartão de identificação nos  veículos da frota de táxi e lotação do município de Porto  Alegre.

 

A Sra. Maria do Rosário: Vossa Excelência permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, muito obrigada pela preocupação, pela coerência. Esta Vereadora pretende se pronunciar em 3ª Sessão, mas, com a gentileza de V.Exa, já começamos o debate. A minha pretensão é de que, ao ingressar num táxi ou numa lotação, o passageiro, parece-me, tem o direito de conhecer aquele profissional e se é aquele profissional que está à frente do veículo, na condução do veículo. Essa segurança que o passageiro deve ter, já é utilizada em vários países. É um cartão de identificação com fotografia, com nome, o horário de trabalho ou alguma coisa que identifique aquele como condutor do veículo. Com isso, e confeccionado a partir da Secretaria Municipal dos Transportes, nós teremos a garantia de que o usuário estará com um profissional do serviço de táxi, o que nos engrandece porque na nossa Cidade, a maioria dos que servem a população é, de fato, profissional, e nós também teremos um atestado de que é esse que estará atendendo. Então, é uma proposta singela e esta é a nossa pretensão: uma maior segurança e contato entre o profissional e o usuário. Muito obrigada.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu agradeço a V.Exa. pelo aparte, o qual coincidiu com o meu pronunciamento. De qualquer sorte, acredito que eu tenha contribuído objetivamente para que se deflagre também o debate nesse assunto porque, parece-me, apesar do adjetivo de simples que a Vera. Maria do Rosário apresenta, o seu Projeto de Lei, ele tem alguma complexidade e, na sua execução, precisará  ser objeto do estudo prévio desta Casa. É o que pretendo fazer na próxima oportunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que o nosso 1º Vice-Presidente também foi, em representação desta Casa, no 2º Seminário Internacional de Rádiojornalismo, juntamente com o nosso Presidente, Ver. Clovis Ilgenfritz. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Hoje, nesta tarde, tivemos o privilégio de ouvir, no mínimo, três ou quatro pronunciamentos da melhor qualidade, não só político como divisão de mundo, e eu quero incluir os pronunciamentos do Ver. Renato Guimarães  e do Ver. José Valdir, que foram de grande lucidez. Mas não queria deixar fugir a oportunidade de me ater ao brilhante trabalho do Ver. Elói Guimarães e do Ver. José Valdir, da comissão do trabalho, em que assinalo na exposição de motivos a seguinte frase: "assim como não houve previsão na tarifa de fevereiro deste custo adicional de junho - e a atual lei não permite revisão"... Só quero analisar esse período. Como alguém pode dizer que não houve previsão na tarifa de fevereiro, se todos sabem que todos os dissídios têm data marcada, todos os anos, naquela época? Como não se fazer a previsão?  Quem é o responsável por essa previsão? Se é o Poder Executivo, tem que ser cobrado do Poder Executivo. Seria uma manobra, sob certo aspecto, sutil, e até posso usar o termo solerte, no bom sentido, de rápida, e muitas vezes até escamoteadora, de uma responsabilidade que me preocupa muito, quando fica plasmado o direito do trabalhador de ter o seu dissídio, de debater com os seus patrões a parte econômica, e a parte social. Não somos totalmente favoráveis às duas reivindicações. Neste momento se estabelece um impasse: necessidade de reajuste salarial, pleiteado com justiça pelos rodoviários sem a devida cobertura tarifária. Mas quem foi que disse que tem de haver cobertura tarifária para haver um dissídio? Se isso está previsto no preço da passagem, por que não foi feito em fevereiro? Por que transferir para a Câmara Municipal a alteração de uma lei, rasgar uma constituição, um texto legal, para corrigir um erro da administração, ou para satisfazer a voracidade dos custos, entre aspas.

Na página seguinte há outra frase que pincei - por favor, queria debater com o Ver. Elói Guimarães e com o Ver. José Valdir - " como única forma de resolver o impasse estabelecido, concluiu-se  pela alteração da lei nº 7958 de 97 ".

Eu tenho um outro subsídio: é que desta vez, pelo menos uma vez na vida, não se transfira para o usuário o ônus do dissídio coletivo, se transfira para seus patrões, para os empresários do setor rodoviário a responsabilidade e que haja um acordo entre o Executivo e os rodoviários e que não venha para Câmara Municipal um Projeto que na verdade,  está muito longe de ser resolvido pelo Poder Legislativo, por um problema de ordem legal ou administrativa.

Por esses dois motivos é inconcebível que nós passemos, mais uma vez ao usuário, que não teve o seu salário reajustado. Para que, pelo menos uma vez na vida, o empresário deixe de repassar os seus custos para a maior parte da população, casualmente onde a corda é mais fraca, ou para seus funcionários. Não dando o dissídio coletivo, o que é uma injustiça, e cobrando do Executivo a responsabilidade que ele tem de não ter dado uma tarifa adequada, na época,  querendo, agora, mudar a lei para não só corrigir a sua omissão, mas muito pior, para favorecer o setor mais forte em detrimento do mais fraco?  Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Renato Guimarães. Ausente; Ver. Elói Guimarães. Desiste; Ver. Cyro Martini. Desiste; Ver. José Valdir, para encaminhar.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiro, não vou abordar a questão sobre quem é o culpado do impasse, o fato é que existe um impasse a ser resolvido, essa é a questão, tanto que os rodoviários procuraram o Ver. Elói Guimarães.

Em segundo lugar  parece que, pela primeira vez, estamos trazendo para a Câmara um assunto, é absolutamente falsa essa premissa, porque vejam o que aconteceu; nós tínhamos uma lei que é uma síntese de toda uma conquista de um movimento popular que, através de sucessivas leis conseguiu depois de todas aquelas brigas, pressões ao Prefeito, na época  do Pref.. João Dib, depois a Câmara avocou para si a fixação das tarifas, o próprio Ver. Werner Becker foi o autor da criatura e  também o matador da criatura, depois de todo esse processo de movimentação popular resultou uma coisa positiva, a Planilha de Custo do cálculo do Transporte Coletivo, que passou por sucessivas discussões e culminou com a Lei que estava em vigor no ano passado que estabelecia critérios extremamente passivos para calcular a inflação setorial e medir realmente uma tarifa justa. Foi o Ver. João Dib quem me ensinou que tarifa justa é muito importante para o Transporte Coletivo porque se ela for muito cara ela prejudica o usuário, se ela  for aquém do valor real o transporte fica desqualificado e, em última instância, prejudica o usuário. Quem disse isso foi o Ver. João Dib. Pois bem, estava em vigor essa lei. O Ver. Záchia, foi ele quem colocou essa história de Plano Real na Lei, não é nossa, este Vereador apresentou na Câmara, e eu faço autocrítica, cochilei, apresentou modificando os critérios e cassando a Planilha de Custos, estabelecendo um critério completamente externo ao setor que é o IGPM, que pode medir a inflação em nível de Brasil, mas não espelha a inflação setorial, e esta Câmara aprovou, e foi criado esse impasse. O Ver. Elói Guimarães e eu estamos fazendo o mesmo que o Ver. Záchia fez,  estabelecendo um outro critério.

No entanto, alguns Vereadores, querendo rebaixar a disputa, vão para a imprensa dizer, primeiro, que estamos fazendo uma coisa inédita, chamar para a Câmara. Que estamos fazendo a mesma coisa que o Vereador Záchia  ninguém diz. O Ver. Záchia trouxe para Câmara  uma discussão, cassou uma conquista desta Cidade, que foi a Planilha de Custo, e a Câmara não disse nada.  Nós estamos tomando a mesma iniciativa que o Ver. Záchia  tomou, de rever uma Lei. Nós estamos revendo a Lei dele, e vamos discutir o mérito. Essa Lei já começa com um problema, ela não reconhece a inflação setorial e quer colocar um critério externo. Não estamos colocando gatilho para disparar, estamos colocando freio, que é para impedir. Estamos colocando dois freios: primeiro, ninguém pode pensar em aumento, antes da inflação acumulada chegar a oito por cento. Aí  alguém perguntará: e se a inflação chegar a oito por cento? Bem, se a inflação chegar a mais do que isso significa que acabou o Plano Real, e aí teremos que discutir não só o transporte, mas muitas questões nesta Casa. Segundo, estamos colocando dissídio dos funcionários.

 São esses dois elementos que são os freios, antes disso, fora do dissídio, ou antes  da inflação, não pode pedir. Estamos moficando, sim, a Lei do Ver. Záchia, mas se este fez a modificação da Lei anterior que tinha uma conquista inserida, uma conquista do movimento comunitário, onde eu inclusive participei, que foi a Planilha de Custo, ele tirou e ninguém disse nada. Nós estamos tomando uma iniciativa qualitativamente idêntica a do Vereador, estamos estabelecendo outros critérios. Por que a celeuma? Não estamos tratando de tarifa, porque esta Casa não aceita mais tratar dessa questão, depois da aventura do Ver. Werner Becker. Todos sabem disso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Encerrado a discussão de Pauta. Passamos à

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. nº 1936/97 -  Projeto de Decreto Legislativo nº 008/97, que autoriza o Prefeito Municipal a afastar-se do País, de 18 a 19 de junho de 1997.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sou um dos integrantes da Comissão de Justiça que opinou favoravelmente à aprovação do Projeto de Decreto Legislativo, que autoriza o Sr. Prefeito Municipal a afastar-se do País nos dias 18 e 19 de junho de 1997, quando S. Exa. estará viajando para o Paraguai, Cidade de Assunção, a fim de participar da Reunião do Conselho da Rede MERCOCIDADES, cuja coordenação está sendo feita pela Cidade de Porto Alegre.

Como é muito comum a Casa votar este pedido de licença do Sr. Prefeito, eu achei importante que se viesse à tribuna, porque é  tanto o número de licenças que pede S.Exa. que alguém, menos avisado, poderia pensar que a gente não sabe o que está-se votando. Eu quero declarar em alto e bom tom que eu sei o que estou votando. Estou votando a licença para o Sr. Prefeito comparecer a esta reunião. E quero dizer o seguinte: a conveniência de S. Exa. participar ou não destes acontecimentos é algo de foro íntimo da estratégia da Administração Municipal e não me cabe, como Vereador, restringir este fato. Ainda que eu possa estranhar a freqüência com que ocorrem estas viagens, eu só posso apostar que, realmente, esta opção seja favorável ao interesse da Administração como um todo e que S. Exa., o Sr. Prefeito Municipal, do alto da sua responsabilidade saiba o que está fazendo, justificando a razão pela qual  quase que, semanalmente, estamos autorizando a se deslocar de um ponto a outro do Estado, do País, quando não da América e do mundo.

 Hoje, a autorização é para que vá comparecer  ao Conselho da Rede de MERCOCIDADES cuja coordenação está sendo feita pela cidade de Porto Alegre. Portanto isso me dá a entender que a cidade de Porto Alegre  coordenando  a chamada MERCOCIDADE  tenha convocado essa reunião em Assuncion, capital do  Paraguai. É bom para Porto Alegre? Espero que sim. Logo, não tenho nada para lamentar na minha posição. Se não o for, fica no conjunto  da  responsabilidade de quem tem que dirigir a Cidade. Acho que o Prefeito de Porto Alegre não precisa ser tão exagerado. Ver. João Dib, V. Exa. quando foi Prefeito de Porto Alegre deve ter viajado, durante os três anos de sua administração, apenas duas vezes e acompanhado por mim. Também me preocuparia se V. Exa. como Prefeito de Porto Alegre estivesse mais fora da Cidade  do que em  Porto Alegre, pois  apesar da importância dos deslocamentos do chefe do Executivo Municipal esta Cidade está precisando de muita coisa que o seu Administrador deve olhar de perto e mais permanentemente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. João Dib, para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais do que um encaminhamento vou  fazer  um  Requerimento.  Ao embarcar para a sua nova missão no estrangeiro o Sr. Prefeito estará completando cento e sessenta e oito dias de administração. Quero que me informem quantos dias o Prefeito esteve ausente da Prefeitura nesses cento e sessenta e oito dias de administração. Acho importante que se viaje e durante a minha administração eu viajei onze vezes. A única vez que fiquei um pouco mais de tempo, fiquei 3 ou 4 dias fora, foi quando fui convidado  para ir a Porto Rico, e a Câmara discutiu por horas se me autorizava ir, ou não. Eu fui com todas as despesas pagas pelo Governo de Porto Rico, depois do 3º convite que me foi encaminhado, resolvi aceitar, mas a Câmara discutiu  por horas. É fácil ver nos Anais da Câmara Municipal de maio de 1983 para que isso seja comprovado. Agora, o Prefeito aqui viaja para atender interesses partidários, viaja porque tirou férias, viaja porque vai tratar de assuntos da MERCOCIDADE, do MERCOSUl, vai mostrar o Orçamento Participativo da Cidade como se fosse a grande solução.

Eu falei em omissão, e não posso deixar passar sem fazer esse Requerimento. Quem fica no seu posto vai sentir melhor os problemas. Eu disse que viajei 11 vezes, eu era representante do Rio Grande do Sul no Conselho Nacional de Pesquisas Urbanas, e quando tinha Sessão do Conselho, eu aproveitava para buscar recursos para Porto Alegre, fora disso, eu não viajava. Então, Sr. Presidente, eu preciso e desejo, é essencial saber, nesses 168 dias que vão se completar, ainda não se completaram, de Administração Municipal, quantas vezes o Prefeito viajou e quantos dias ele esteve fora? Eu vejo que o Presidente está preocupado, mas tudo é comunicado a esta Casa quando ele se ausenta, ainda que não seja necessário licença. Mas, de qualquer forma, se não for possível pela Diretoria Legislativa, nós vamos buscar através de Pedido de Informação que fica mais oficial.

 Eu vou votar favoravelmente à viagem do Prefeito porque quem sou eu para dizer da necessidade do Prefeito à frente dos negócios prefeiturais? Tem o Vice-Prefeito, tem o Presidente da Câmara, quando não puder ir o Presidente da Câmara, tem o Secretário respondendo pelo expediente. Mas, posso dizer que nos 168 dias, no mínimo, 1/3, ele esteve ausente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, a nossa Diretoria Legislativa, competente e presente me informa que em seguida nós lhe responderemos.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, a nossa vinda a esta tribuna é para colocar que a nossa posição com respeito a essa viagem é, sem dúvida nenhuma, favorável. E, complementando as palavras do Ver. Reginaldo Pujol - que tão bem se expressa desta tribuna - gostaríamos de deixar claro que ele, de forma compreensiva, como nós também, Ver. João Dib, compreendemos que desta forma mais de foro íntimo, mais por uma questão de estratégia da Administração Popular, viajar ou não, o Prefeito, o Vice-Prefeito, enfim, nós gostaríamos que também fosse vista dessa forma quando o nosso Governador do Estado viajasse. Como esteve em viagem neste último período; e neste fim de semana mesmo eu li de alguém da oposição, não sei se dos petistas ou dos pesebistas, uma declaração na mídia de forma negativa com relação à viagem do Gov. Antonio Britto. Como temos visto também muitas declarações negativas com relação às viagens do nosso Presidente da República. Como nós vemos de forma democrática, inteligente, pacífica todas as vezes que temos votado as viagens do nosso Prefeito, gostaríamos também que fossem vistas da mesma forma as viagens do Governador e do Presidente, enfim, todas as viagens, inclusive as de Vereadores, Deputados, que, quando precisam se ausentar ninguém vai entrar com um projeto, principalmente uma pessoa do Executivo, nesse sentido sem que haja necessidade. Acreditando que seja bom para Porto Alegre que ele participe desse evento, nós votamos favoravelmente. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)    

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação o PDL nº 008/97. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL

DFGL;FG

 

 

PROC. 0687/97 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que acrescenta parágrafos ao Art. 119 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre e dá outras providências. (Exposição das contas do Município ao contribuinte.)

                                

Parecer

- da Comissão Especial - Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto.

 

Obs.:

- discussão geral e votação nos termos do Art. 130 e seus  § § do Regimento da CMPA;

- adiada a discussão por cinco sessões.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,  inadvertidamente, tenho solicitado sucessivos adiamentos dessa matéria, na presunção de que ela devesse ter uma dupla votação, o que só ocorrerá depois de uma tripla discussão, ou seja, que conste três dias na Ordem do Dia e possa, evidentemente, cumprir essa disposição regimental que estabelece esse rito quando se trata de alteração da LOM.

Ainda que a leitura a respeito da Ementa do Projeto possa ser esclarecedora, eu diria que o mesmo precisa ser mais explicitado nos seus objetivos.

Este Projeto, que logrou o apoiamento da quase totalidade da Casa, parte do pressuposto de que o avanço  do direito popular e da cidadania se faz sentir, hoje, desde a confecção dos orçamentos até o debate público sobre leis complementares , como é o caso, por exemplo, do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano que tem sido precedido de ampla discussão popular. Assim, nós entendemos  que quem opina  acerca de execução de obras a serem realizada, tem, também, o direito de saber se a sua opinião alcançou, ou não, os objetivos, bem  como de que forma e a que preço foi realizada esta obra por ele sugerida. O contribuinte, aliás, tem o direito de ir mais longe e sem encontrar obstáculos na sua atitude de fiscalizar os governantes. Não é exagero se dizer que cada cidadão é um fiscal natural das obrigações dos que o dirige, como resultado do sufrágio direto e universal. Assim, a fiscalização é saudável e devemos, sempre, tanto quanto possível, Ver. Nereu D'Ávila, aumentá-la e discipliná-la.

É dever desta Câmara, além de legislar, o de fiscalizar o cumprimento das leis. Portanto, é conveniente o estabelecimento de mecanismos legais que assegure, na plenitude, a participação popular nesta proeminente tarefa legislativa. Com, efeito, o festejado Orçamento Participativo, em nossa opinião, nada mais é do que uma tímida participação popular na primeira etapa da elaboração da lei orçamentária. E, como se sabe, passa por diversas etapas até cumprir as suas finalidades últimas.

A nosso juízo, a elaboração da proposta orçamentária, Ver. Luiz Braz, é de competência do Executivo que a desenvolve segundo critérios e conveniências que eles estabelecem e sobre os quais se responsabilizam. De outro lado, a definição objetiva das prioridades da Administração  são prerrogativas do Legislativo que as estabelecem quando  vota a lei orçamentária. E, não obstante, a mais relevante das tarefas legislativa é a fiscalização. Para ela, impõem-se a participação popular que deve ser acionada como uma contribuição positiva que o legislador recolhe da comunidade. Por tais razões é que entendemos adequado introduzir na Lei Orgânica do Município dispositivos legais que permitam o disciplinamento, estímulo e garantia de que o cidadão  querendo,  poderá colaborar na efetiva fiscalização da execução orçamentária do Município. Aliás, nesse sentido, quero salientar que  por proposição do Ver. Airton Ferronato, desde o exercício orçamentário do ano passado, já existe uma obrigatoriedade do Executivo Municipal de, até uma data preestabelecida, se não me engano,  é 30 de novembro, enviar à Câmara  a relação de investimentos que fará diante da proposta orçamentária. Entendo que, entre outras tarefas, o Legislativo tem que chamar essa população que opinou para que ela diga se aquilo que ela sugeriu,  aquilo que ofereceu à deliberação foi, ou não, executada.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz inscreve-se e cede o seu tempo ao Ver. Reginaldo Pujol.

 

O Sr. Luiz Braz: V.Exa. permite-me um aparte? (Assentimento do orador.)   Ver. Reginaldo Pujol, aquela emenda que foi feita pelo Ver. Airton Ferronato na Lei das Diretrizes Orçamentárias só foi válida ou teria validade apenas para o ano de 1996, só que o Prefeito não cumpriu, e esta Casa, infelizmente, não teve nenhuma decisão a respeito, nenhuma ação a respeito do descumprimento por parte do Prefeito daquele dispositivo da Lei das Diretrizes Orçamentárias. Agora,  está tramitando, exatamente no Plano Plurianual, também uma Emenda que é de autoria, se não me engano, do Ver. Antonio Hohlfeldt que tem esse mesmo sentido, de fazer com que esse  plano de investimento possa ser submetido à Câmara a partir do dia primeiro de novembro de cada ano. Acredito que seria uma obrigação que teríamos de aprovar no Plano Plurianual.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Obrigado pelo seu aparte, que aliás se encaixa perfeitamente bem no que havíamos colocado. Temos, por todas as formas, procurado demonstrar que essa complexidade do Orçamento se divide em seis etapas a partir da sua elaboração, da sua discussão, sua definição, sua execução, fiscalização e tomada de contas. Se pretende que o processo de elaboração do Orçamento tenha, na sua fase inicial, a participação popular e se essa ocorre da forma como é estabelecida pelo poder que detém a capacidade de elaborar o Orçamento é o Executivo, e ele pode, e deve, se valer dos  mecanismos que ele entender competentes e adequados para lhe auxiliar nessa tarefa.

 De outro lado somos também compelidos a reconhecer que a atividade final, a fiscalização e a tomada de contas, é competência da Câmara de Vereadores, do Legislativo, que junto com o Tribunal de Contas do Estado, deve exercer essa fiscalização na sua plenitude. Daí a nossa proposta, de que neste momento, quando o orçamento já está realizado, quando já está executado, quando ele é transformado naquele documento, que é a prestação de contas do Executivo para a cidade, através do Legislativo, que nesse momento tenham acesso a essas informações, da forma mais ampla possível, aqueles que contribuíram na primeira etapa para a formação do chamado Orçamento Participativo, na sua fase de elaboração. Então, seria a participação popular no Orçamento do Município, numa das fases em que a prerrogativa da Câmara Municipal é irrenunciável,  a Câmara não pode se demitir dessa tarefa, porque é uma tarefa que constitucionalmente é imposta aos legislativos, isto é, a tarefa de fiscalizar as execuções orçamentárias. E como queremos abrir, queremos fazer de forma transparente, o faremos através de disposições legais, inseridas na Lei Orgânica do Município, que em seu art. 119, Parágrafo 2º, determina que as contas ficarão à disposição do público. Porém a sua redação é vaga, não estabelece o local nem o prazo com que ficarão à disposição. Então nós complementamos dizendo que o local é o Legislativo da Cidade e o prazo é aquele que está estabelecido na lei.

Aliás, quero cumprimentar o Ver. João Carlos Nedel, que foi o Relator desse projeto na Comissão Especial constituída para esse fim, e que teve o condão de, com objetividade e clarividência, fazer um Parecer que mereceu a aprovação unânime de todos os integrantes da Comissão. O que nos dá a certeza de que esse projeto haverá de tramitar na Casa com a tranqüilidade de que teve a sua proposta analisada por um conjunto de 11 integrantes da Casa, um terço da Casa, que de forma exaustiva analisaram a matéria e que tiveram a orientá-los, nada mais nada menos, do que essa figura especial desse nosso novo colega de Legislativo, Ver. João Carlos Nedel, que, de forma tão objetiva e tão clara, ofereceu o seu Parecer com tal brilhantismo que a unanimidade da Comissão entendeu de aprová-lo. Eu espero que hoje, ou nas próximas oportunidades em que a matéria vier a ser discutida, nós possamos elaborar essa discussão em terreno alto, com o melhor dos objetivos, para que possamos, como conseqüência, deixar o Legislativo da cidade aparelhado para cumprir com exação a sua maior tarefa: a fiscalização. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu acho importante tentar contribuir com o debate proposto pelo Ver. Reginaldo Pujol, saudando, inclusive, a iniciativa, na medida em que fala o Vereador. São palavras textuais da Exposição de Motivos, que é preciso fazer avançar a consciência da cidadania no que diz respeito ao debate público que se faz sobre a confecção de orçamentos, bem como das leis complementares. E acho importante que isso seja falado - e que a gente ouça - por parte de um parlamentar que tem, aqui na Câmara, a tarefa de representar, ao menos no plano político, as idéias que se apresentam e se representam hoje no País através do Governo Federal, que, aliás, tem um projeto conhecido e que tenta fazer com que sejam introduzidas, no País, as mudanças que esse próprio ideário liberal já introduziu em outros países e cujas conseqüências começam também a ser sentidas aqui na nossa sociedade.

Hoje, abrindo qualquer jornal do Centro do País que acompanhe minimamente a conjuntura dos países  da Europa, por exemplo, vai se verificar que há uma manifestação e um sentimento que se expressam e tem se expressado nos processos eleitorais mais recentes, como é o caso da França, e antes disso na Inglaterra, através do ressurgimento dos partidos mais de caráter de esquerda e de oposição em cima da vivência dessa primeira etapa do chamado projeto neoliberal com o advento da globalização da economia.

 Portanto, por que nós achamos que é positivo que, como  Vereadores identificados com essas posições, falemos em avanço do direito de cidadania num momento como este? Porque nós já viemos falando que as conseqüências que irão advir no país, a partir desses modelos, serão as mesmas conseqüências que já se desenvolveram naqueles países. Até o presente momento, no plano da chamada democracia formal, Ver. Sebenelo, em nosso país, nenhuma iniciativa  sequer tivemos em nível do Governo Federal no sentido de ampliar os espaços de cidadania. E por que nós achamos que, também no plano político, é grave  a nossa situação, Ver. Sebenelo e Ver. Pujol? Porque o Presidente Fernando Henrique Cardoso, quando assumiu o governo em nosso país há alguns anos,  ele encontrou uma instituição e é por isso que ele se debate desesperadamente no sentido de reformá-la, que era uma instituição que estava completamente retrógrada e se colocaria como um ponto quase que funcionando como um obstáculo, ou seja, a atravancar a introdução  dessas medidas que o mundo liberal estava a propor para a economia brasileira, que era o Estado brasileiro. O Estado brasileiro, hoje, é um peso para a sociedade, para os governos, está afastado da sociedade. A sua manutenção se dá a partir de um alto custo para o Estado e um alto custo social. É uma instituição absolutamente corporativa subordinada a interesses que privatizaram o Estado. Pois bem, é evidente que uma instituição como essa está fora do tempo para introduzir as reformas que o Presidente propõe e propôs para o país. Mas acontece, Ver. Sebenelo e Ver. Pujol, que as medidas que o governo está propondo no sentido de enfrentar essa questão...

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Motta, conforme  solicitado por V.Exa., o Ver. Cláudio Sebenelo se inscreve e cede o seu tempo para V.Exa.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Agradeço a compreensão do Ver. Cláudio Sebenelo e retribuirei em outra oportunidade. Mas o que dizia, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que, na nossa opinião, o Presidente Fernando Henrique Cardoso envereda sua relação, com esse tema, por um caminho que é equivocado. Por que achamos que é  equivocado? Porque, ao invés de o Presidente Fernando Henrique Cardoso, que temos a absoluta convicção que tem o diagnóstico correto sobre o que está acontecendo no mundo atual, a globalização, as novas tecnologias, as mudanças nos sistemas de produção, as mudanças na produção a partir dos grandes centros de produção, por pequenas unidades de produção, a terceira revolução técnico-científica. Enfim, temos a convicção de que o Presidente domina esse diagnóstico teoricamente. Agora, o  entender por que o Presidente, com o respaldo popular, quanto à vitória nas eleições, contra, evidentemente, a nossa candidatura, se tem o diagnóstico teórico de um lado, se tem todo o campo progressista no Congresso, na época, para buscar algum tipo de  alternativa, num outro sentido, buscou uma aliança que fazia com que a possibilidade de reformar o Estado, para desobstaculizar e preparar as condições para um novo salto de desenvolvimento econômico que está sendo sugerido hoje, seja um salto no sentido da concentração de renda, e no sentido  de bloquear a possibilidade que as reformas, de uma perspectiva mais social, também fossem bloqueadas e adiadas. É o caso, por exemplo, da forma como o Governo enfrenta a questão agrária.

É evidente, Ver. Cláudio Sebenelo,  que sabemos ser o debate complexo, e no encaminhamento e discussão de um projeto como esse não podemos esgotar o assunto. Mas temos a absoluta convicção que somos também defensores da reforma do estado, mas que o Governo não está enveredando na perspectiva que poderemos até interpretar o projeto do Ver. Reginaldo Pujol como sendo, talvez, uma pequena sinalização. Que é a de criar, entre o Estado e a sociedade, um outro tipo de relação, em que haja espaço para que as decisões de governo sejam decisões permeadas pela decisão e pela participação da sociedade. É evidente, Ver. Cláudio Sebenelo, que sabemos ser o debate complexo, e no encaminhamento e discussão de um projeto como esse não podemos esgotar o assunto. Mas temos a absoluta convicção que somos também defensores da reforma do estado, mas que o Governo não está enveredando na perspectiva que poderemos até interpretar o projeto do Ver. Reginaldo Pujol como sendo, talvez, uma pequena sinalização. Que é a de criar, entre o Estado e a sociedade, um outro tipo de relação, em que haja espaço para que as decisões de governo sejam decisões permeadas pela decisão e pela participação da sociedade e pela participação da sociedade. Aí sim, nós criaríamos um espaço, uma esfera política em que esses interesses em conflito, em disputa, poderiam ser vergados no sentido do social, e não vergados no sentido daqueles que concentram o poder de Estado e não querem abrir mão dele. Assim é o retrato fiel do Governo Fernando Henrique, ou seja, está absolutamente concentrado o poder político do País nas mãos do Governo, que não abre nenhum milímetro.

 Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho positivo sim, que um Vereador que sustenta as idéias as quais o Ver. Reginaldo Pujol o faz, apresente um projeto desses. Pode ser que consigamos, mesmo que seja no microorganismo do tecido político brasileiro, começar a discutir seriamente esta questão e não ter a covardia de adiar essa reforma para o "o dia de São Nunca". O País não suporta mais a carga e o peso dessa instituição chamada Estado. Agora, de um lado isso, de outro, o País não também não suporta mais estarmos adiando a nossa tradição política, que é lenta e gradual, usando aqui frases de um conhecido general, no sentido da democracia. Qual é o problema? Nós tememos tanto essa palavra, a democracia. Está aí o Ver. Reginaldo Pujol, querendo que sejamos a favor, que sejam explicitadas as contas do Município para exame da população, etc. Aqui em Porto Alegre, fomos além disso, possibilitamos que parte dos investimentos públicos sejam decididos pela comunidade, através do Orçamento Participativo. Qual é o problema disso? Por que esse Governo não institui, pelo menos, as Câmaras Setorias, para que as decisões dos autores da sociedade, juntamente com o Governo, fossem intermediados por um debate democrático. Não, o Governo concentra o poder nessa instituição que ele mesmo acha que está atrapalhando os rumos das mudanças no País.

 Então, Ver. Reginaldo Pujol, nós aprovamos o seu projeto, pelo menos eu o aprovo, agora, quero manifestar aqui, mais uma vez, a nossa crítica política sobre os rumos que esse processo político de reformas está sendo dirigido e orientado pelo atual Governo. Nós achamos que esse Governo está sendo covarde, porque não quer enfrentar o grande tema central que o País está clamando, décadas e décadas, para resolver de uma vez por todas, que é enfrentar a discussão da democracia que, lamentavelmente, no Brasil, será adiada por algum tempo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão do PELO nº 001/97, em 1ª Sessão.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0281/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 004/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que inclui artigo na Lei nº 7632, de 10 de julho de 1995, que estabelece critérios para uso do cinto de segurança nas vias terrestres do Município de Porto Alegre.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;

 -daCUTHAB. RelatorVer. Paulo Brum: pela rejeição do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Gerson Almeida: pela rejeição do Projeto.

 

Obss.:

- adiada a discussão por uma Sessão.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Discussão o PLL Nº 004/97.Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol , de  adiamento por uma sessão a discussão  do PLL Nº 004/97.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero agradecer a tolerância das Lideranças da Casa com as quais eu conversei. Eu pedi que me concedessem uma verdadeira homenagem: a possibilidade de que esse projeto fosse discutido com a Casa na sua integralidade, num horário adequado, para que, na sua soberania, o Legislativo da Cidade decidisse sobre ele.  obrigado pela consideração dos meus pares.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol. (Pausa) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa) APROVADO.

Passamos, neste momento, aos requerimentos.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento do Ver. Jocelin Azambuja - Moção de Solidariedade ao Ministro dos Transportes pela proposta de implantação de nova linha do TRENSURB.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Elói Guimarães, para encaminhar pelo PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é evidente que vou votar  a favor da referida Moção, mas preciso fazer algumas colocações e já fiz na semana passada, que é, exatamente, sobre um metrô, não de superfície. Veja bem, Ver. Lauro Hagemann e nós conhecemos bem a área, é um metrô subterrâneo  que envolveria aquela área densamente edificada, que aquele corredor da Rua Benjamim/ Assis Brasil e por aí se vai. Ali na altura da Volta do Guerino - o Ver. João Dib conhece muito bem -  aquilo ali é uma bacia, a Bacia do Passo da Areia, problema seríssimo, com  lençol freático, coisa que ao longo dos anos foram feitos grandes investimentos e as dificuldades melhoraram, mas continuam.

Então, fico a imaginar o que representa fazer um metrô subterrâneo naquela área, porque os metrôs, vejam bem, em partes onde foram feitos passam em áreas que não tem as implicações que tem aquela área da Cidade. É uma área que está edificada a pleno, com suas implicações de superfície. A malha edificável é fantástica  e a questão ligada aos aspectos subterrâneos. É uma obra que do ponto de vista do custo seria fantástico. E do ponto de vista técnico, não querendo fazer o discurso catastrófico, etc. mas, não sei como vai  se sair o Ministro. Quero acompanhar o Ministro Padilha e ver como vai sair desta declaração que fez, elaborando um projeto e fazendo a execução daquilo ali. Um metrô ainda de superfície, talvez, quem sabe, não é muito certo pelas implicações que têm. Mas, metrô subterrâneo fica a questão para o Ministro responder sobre a Bacia do Passo da Areia, o lençol freático ali naquela área. Porque quem conhece bem i sabe que aquele conduto, que é conhecido de todos, que passa  no IAPI e leva o valão em direção do Aeroporto,  é um problema de uma complexidade fantástica, porque quando foi feito aquele conduto, abaixo dele ficou um lençol freático da ordem de 20 metros. É também o velho arroio do Passo D'Areia.

Nós desejamos que saiam obras para o Município, mas a complexidade daquilo ali é algo fantástico. As implicações das edificações, por exemplo, pois é uma área densamente ocupada, imaginem, então, fazer uma intervenção, que implica modificações externas. Temos na área, por exemplo, o Viaduto Obiricí, sem falar nos conjuntos prediais, que terão que ser tocados. Como vai furar, abrir uma grande faixa subterrânea, sem tocar nas edificações, porque ali não tem faixa própria para construção de um metrô, nem de superfície. É diferente dos que se fizeram e que se fazem por aí, que pegam  áreas limpas, pequenas e poucas edificações, onde indeniza-se as edificações e vai-se levando. Ainda se fosse, Ver. Lauro Hagemann, lá na Sertório, só que lá implicaria o Aeroporto Salgado Filho, e teria o problema do banhado do Gravataí, que é onde ele começa..

Vou desejar que tudo dê certo, vou votar a favor, mas quero acompanhar a implementação das declarações do Ministro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR ADELI SELL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito seja feita verificação de quórum.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de saber se pode ser feita verificação de quórum no meio dos encaminhamentos. Eu lamento que a Bancada Petista não queira votar.

 

O SR. PRESIDENTE: Senhores Vereadores, não há quórum para votação e, como temos que colocar em votação a prorrogação da Sessão, encerramos os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h14min.)

 

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